Crime com criptomoedas

PF indicia sócios de gestora e confirma elo com “Rei do Bitcoin”

A informação consta no relatório final da investigação, que teve início em 2020 após denúncias

PF indicia sócios de gestora e confirma elo com “Rei do Bitcoin”
Criptomoedas / Divulgação

A Polícia Federal (PF) indiciou os sócios da gestora de criptomoedas Titanium Asset, Claudio Miguel Miksza Filho e Guilherme Bernert Filho, juntamente com outras 24 pessoas, por crimes contra o sistema financeiro nacional.

A informação consta no relatório final da investigação, que teve início em 2020 após denúncias.

O documento foi encaminhado para o Juízo Federal da 1ª Vara Federal de Santa Catarina e para o Ministério Público Federal (MPF), que irá decidir se apresenta ou não denúncia. Quando questionado sobre a abertura do processo, o MPF se absteve de comentar o caso, afirmando que a “investigação está sob sigilo”.

PF: Empresas envolvidas

Segundo a Polícia Federal, a Titanium e outras empresas do grupo operavam uma estrutura semelhante à pirâmide financeira e teriam captado pouco mais de R$ 1 bilhão de cerca de 7 mil investidores. Situada no Edifício Pátio Victor Malzoni, na Faria Lima (SP), a empresa foi alvo da Operação Ouranós da Polícia Federal no final de novembro de 2023.

“Mês a mês a empresa se estruturou como se fosse uma distribuidora clandestina de valores mobiliários, para oferecer ao público em geral (pessoas indeterminadas, desconhecidas, mas determináveis), inclusive por meio de plataforma digital, a captação de recursos (dinheiro) para investimento com remuneração de juros, com plano de negócios bem definido em curto e médio prazo, destinado ao lucro, aplicado em ‘arbitragem de ativos virtuais’ por meio de plataforma exclusivamente gerenciada pelos investigados e sob esforço e inteligência destes”, disse a instituição.

Em resposta, a Titanium afirmou que sua operação sempre esteve em conformidade com os parâmetros regulatórios e legais, seguindo as exigências da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e as normas de prevenção à lavagem de dinheiro. A empresa também negou qualquer associação de sua marca com atividades ilícitas e destacou que tem cooperado com a Justiça, fornecendo esclarecimentos e documentos relevantes diretamente ao juízo, em respeito ao sigilo do caso.

Relação com Rei do Bitcoin

A Polícia Federal sustenta que o esquema da Titanium Asset surgiu após negociações com o Grupo Bitcoin Banco, uma empresa falsa de criptomoedas sediada em Curitiba (PR), criada por Claudio Oliveira, também conhecido como o “Rei do Bitcoin”.

Oliveira foi condenado e preso em 2022 por perpetrar um golpe de R$ 1,5 bilhão. A conexão entre os dois casos foi revelada pelo InfoMoney no final do ano passado.

“A investigação mostrou que o presente caso tem seu embrião, ao menos, quando Claudio Miguel Miksza Filho e Everton Luis dos Santos (outro inidiciado) se envolvem com a criação da Lexcoin (falsa criptomoeta), com a seguida formalização dos contratos e distratos com o Bitcoin Banco, investigado na operação Daemon, que envolveu o Sr. Cláudio José de Oliveira, conhecido como o ‘Rei do Bitcoin’”, diz o relatório.

No final do ano passado, durante uma entrevista com a reportagem, um dos diretores da Titanium Asset negou qualquer relação dos sócios com Oliveira e afirmou que eles também foram vítimas do esquema.

Ele acrescentou que a parceria com o criminoso teria começado antes de o negócio falso montado pelo “Rei do Bitcoin” se revelar um golpe. Não foi possível localizar a defesa de Santos.