Os dados do PIB (Produto Interno Bruto), divulgados nesta terça-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), surpreenderam positivamente, com crescimento de 1,4% frente ao primeiro trimestre e 3,3% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O resultado veio muito acima do esperado pelo consenso LSEG de analistas, que previa alta de 0,9% em comparação com o primeiro trimestre de 2024 e de 2,7% comparado ao mesmo período de 2023.
A boa notícia mexeu nas expectativas do PIB para o ano. “A surpresa bastante positiva do segundo trimestre indica crescimento mais forte que o esperado, o que eleva nossa projeção do PIB de 2024 para 3,0% (de 2,5%). O PIB de 2025 é projetado em 1,5%, com viés de alta”, revelou Leonardo Costa, economista do ASA.
André Colares, CEO da Smart House Investments, concorda que o dado carrega a expectativa de continuidade no crescimento econômico, com impacto positivo no mercado a curto prazo.
“A expansão do PIB reflete a retomada da confiança dos consumidores e empresas, estimulada por condições favoráveis de crédito, melhora no mercado de trabalho e queda nos juros”, explicou.
PIB reforça expectativas de alta da Selic
Apesar da notícia boa, os desafios resultados das pressões inflacionárias persistentes e do ambiente externo incerto ainda preocupam. Além disso, o indicativo de crescimento econômico mais forte que o esperado reforça as expectativas de alta da Selic.
“Com um cenário de crescimento econômico mais forte, o Banco Central pode enfrentar pressões para ajustar a taxa Selic, a fim de conter possíveis pressões inflacionárias decorrentes do aumento do consumo”, explicou Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações.
Conforme avaliação de Murad, a revisão das projeções de crescimento para o ano pode impactar as estratégias de investimento, atraindo mais capital para setores em expansão – como indústria e serviços.
José Alfaix, Economista Da Rio Bravo, chamou atenção ainda para o que chamou de “expansionismo fiscal”, que estaria se sobrepondo ao contracionismo monetário.
“As preocupações com a elevação da Selic se mostram cada vez mais coerentes, já que observamos uma economia muito forte, e a ascensão de pressões inflacionárias”, disse.
Investidores, portanto, devem se atentar à política monetária, que poderá sofrer ajustes caso o cenário externo se deteriore ou a inflação continue a pressionar, indicou Colares.