Powell diz que foco do Fed é levar inflação dos EUA a 2%

A inflação nos EUA, a maior dos últimos 40 anos, permaneceu estável no acumulado de 12 meses encerrado em julho de 2022, em 8,5%, segundo dados do CPI

O presidente do Fed (Banco Central dos EUA), Jerome Powell, discursou nesta sexta-feira (26), em Jackson Hole, onde ocorre o simpósio anual da autoridade monetária. De acordo com ele, a prioridade é levar a inflação a 2%.

“A economia dos EUA está claramente desacelerando. Mercado de trabalho está particularmente forte, mas fora de equilíbrio, e a inflação, alta e continuando a se espalhar. Nosso foco agora é levar a inflação a 2%”, declarou Powell. 

A inflação nos EUA permaneceu estável no acumulado de 12 meses encerrado em julho de 2022, em 8,5%, segundo dados do CPI (Índice de Preços ao Consumidor) divulgados em 10 de agosto. Lidando com o patamar mais alto da inflação em 40 anos, Powell buscou fortalecer a ideia de que sabe exatamente o que é preciso ser feito.

“A inflação mais baixa de julho foi bem-vinda, mas é pouco sobre o que será necessário para gerar confiança de que a inflação de fato está caindo. O aperto seguirá até o Fed estar confiante de que o trabalho está feito”, definiu o presidente do banco central norte-americano.

Powell: estabilizar preços demandará tempo 

O presidente afirma que restaurar estabilidade dos preços demandará algum tempo, assim como reduzir inflação demandará período de crescimento menor. Atualmente, os dados são mistos e a economia mostra impulso subjacente.

“A economia não funciona para ninguém sem estabilidade de preços, e levará ‘algum tempo’ para para reestabelecer essa estabilidade. Por isso, será necessário período de crescimento ‘abaixo da tendência'”, afirmou Powell durante seu discurso. 

Segundo ele, o Fed deve manter política restritiva por algum tempo e que outras elevações poderiam ser apropriadas. “Uma nova alta ‘não usual’ de juro pode ser apropriada em setembro. A história alerta contra afrouxar a política monetária de forma prematura”, salientou.  

Segundo o chairman do Fed, a estimativa de juros referenciais neutros no longo prazo em 2,25% a 2,5% “não é um posicionamento para parar ou dar uma pausa necessariamente”. Ele ainda reiterou que a decisão sobre a alta de juros em setembro dependerá da totalidade dos dados desde o último encontro do Fomc.

Especialista projeta próximos passos do Fed

Diretor de investimentos da Nomad, Celso Pereira analisou os próximos passos do banco central norte-americano e os possíveis impactos do indicador na próxima decisão da entidade. 

“Os investidores devem esperar continuidade de subida de juros em 2022, trazendo dificuldades para o mercado de ações de um modo geral, a renda fixa pré-fixada, a taxa de câmbio do dólar por reais, e demais ativos de riscos (lembrando que a moeda brasileira comporta-se como um ativo de risco, sendo negativamente afetada por aumentos de juros nos EUA)”, afirmou Pereira ao BP Money. 

Ainda de acordo com o especialista, a boa notícia é que os dados do PIB (Produto Interno Bruto) e de desemprego vieram melhor do que o esperado pelo mercado. 

“A variação do PIB no último trimestre foi de -0.6% (vs. -0.7% esperado pelo mercado) e os avisos de desemprego vieram 243 mil (vs. 252 mil esperado pelo mercado). A realidade é que os dados não divergem muito do esperado pelo mercado e não sugerem que o FED vai reverter sua determinação de continuar subindo os juros no país em 2022 e possívelmente em 2023 também”, avaliou o diretor. 

Para Pereira, a expectativa é de nova alta na taxa de juros dos EUA. “Esses dados parecem contribuir com a ideia de que os juros básicos nos EUA devem ainda subir, possivelmente se elevando 0.5% a 0.75%”, projetou Pereira. 

O tema desta ano do simpósio em que Powell falou é “Reavaliando as restrições à economia e à política”.

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