O mercado financeiro dos EUA abalou-se com a divulgação dos dados do índice de Preço ao Produtor (PPI em inglês) do país. O resultado veio muito acima do esperado, com aumento de 0,3% em janeiro, relativo a dezembro de 2023. Analistas entendem que, diante disto, a preocupação com a inflação e o corte na taxa de juros ficam mais fortes, inclusive no Brasil.
Os analistas da LSEG esperavam que o PPI de janeiro se estabelecesse em 0,1%, enquanto a leitura anual fechasse em 0,6%. E ainda, na comparação anual, essa alta chegou a 0,9%. Sendo assim, o mercado assumiu uma postura ainda mais cautelosa quanto a um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve (FED) ainda neste trimestre, postergando a estimativa para junho.
Paulo Gala, diretor-chefe do Banco Master, disse ao BP Money que essa é “mais uma má notícia de inflação para Estados unidos”. “Nesta semana o destaque ficou com a alta de serviços do atacado, ou serviços logísticos, toda a cadeia de serviço ligada ao preço de atacado”, afirma.
Por conta disso, os principais índices acionários dos EUA – Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 – fecharam a sessão desta sexta-feira (16) em baixa. Como consequência, o Treasury de 10 anos voltou a subir, Gala reitera, com as negativas, não apenasno preço ao consumidor e no preço de atacado, mas também com a queda no varejo e na produção industrial.
“Também, a construção de novas casas nos EUA veio com resultado muito ruim. O House Starts, tanto Single House quanto o Multi Family, com dados de construção de queda [entre] 20% e 30%, em relação ao mês anterior. Mais sinais de que o mercado imobiliário americano tá parando, o que contribui para a desaceleração econômica”, analisou o economista.
Influência do PPI no Ibovespa
Diante dos dados do PPI, o mercado brasileiro também é pressionado pelas quedas no território norte-americano. Contudo, Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, explica que no decorrer do dia os índices dos EUA voltaram a ganhar força e impulsionaram o Ibovespa junto. “A melhora no humor ocorreu após falas de presidentes regionais do Fed, que não descartaram projeções de até três cortes dos juros neste ano”, afirma.
Enquanto isso, analistas veem que o Comitê de Política Monetária (COPOM), entidade do Banco Central (BC) encarregada das diretrizes no Brasil, também pode ter suas próximas decisões afetadas pelos níveis dos EUA.
Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transfebank disse que “o mercado brasileiro continua sensível às notícias e eventos internacionais, particularmente em relação à política monetária nos EUA, o que pode continuar a moldar seus movimentos nos próximos dias”.
“Esses dados econômicos dos EUA também trouxeram pressão ao mercado brasileiro, especialmente ao Copom, que pode precisar rever o tamanho do ciclo de corte da Selic neste ano”, conclui.