
O preço do Bitcoin voltou a ganhar fôlego no início de dezembro, após as quedas da semana passada.
A maior criptomoeda do mundo voltou à região de US$ 86.000, em um movimento que ainda não muda a tendência, mas recoloca no radar a discussão sobre demanda institucional por Bitcoin e limites de preço no curto prazo.
“O mercado de criptomoedas encontrou um ponto de respiro depois de uma liquidação intensa. Sendo assim, o preço do Bitcoin hoje em dólar mostra que parte desse fluxo vendedor foi absorvido”, avalia Guilherme Prado, country manager da Bitget.
Dessa forma, segundo ele, o patamar acima de US$ 85.000 indica que grandes investidores seguem atuando nas faixas mais baixas de preço.
Preço do Bitcoin hoje: repique ainda técnico
Na leitura de Prado, o movimento atual é um repique. “Essa alta tem mais cara de ajuste técnico pós-capitulação do que de mudança estrutural de tendência”, afirma.
Para o especialista, o Bitcoin hoje ainda responde a fatores de risco globais, com destaque para juros nos Estados Unidos. “Enquanto o ambiente de liquidez seguir pressionado, qualquer movimento de alta tende a ser contido”, diz.
Ele lembra que, apesar da recuperação a partir da mínima em US$ 81.500 até a faixa de US$ 86.000, o ativo continua longe das principais médias móveis de referência.
“O Bitcoin em dólar segue bem abaixo das médias de 100 e 200 dias no gráfico diário. Isso mantém o viés de baixa no horizonte de médio prazo”, pontua.
Fed, juros e impacto no mercado de criptomoedas
Um dos pontos centrais da análise de Prado é a política monetária dos EUA. “O corte de juros recente do Fed não entregou o efeito de retomada clara para ativos de risco”, avalia.
De acordo com ele, o mercado agora começa a precificar a possibilidade de uma fase mais longa de aperto relativo, em que a taxa básica pode ficar parada por mais tempo. “Essa combinação de incerteza com juros elevados continua sendo um freio para o mercado de criptomoedas”, afirma.
Na prática, esse ambiente ajuda a explicar por que, mesmo com repiques pontuais, o preço do Bitcoin ainda encontra dificuldade para emplacar uma tendência de alta mais consistente.
Ouro em alta e demanda de longo prazo por Bitcoin
Enquanto o cenário de risco permanece sensível, o ouro segue sustentado em níveis elevados. Para Prado, isso mostra a busca global por proteção.
“O movimento do ouro segue como um termômetro da aversão a risco. O investidor continua vendo o metal como reserva de valor em momentos de incerteza”, explica.
No caso do BTC, ele ressalta que há uma diferença importante de comportamento. “O Bitcoin mostra que a demanda institucional por Bitcoin em níveis mais baixos permanece presente. Não é um fluxo eufórico, mas um interesse constante de longo prazo em acumular posição.”
Bitcoin em dezembro: consolidação entre 85 mil e 90 mil dólares
O cenário-base traçado por Prado para Bitcoin em dezembro é de lateralização. “O desenho mais realista neste momento é a consolidação do Bitcoin no curto prazo entre US$ 85.000 e US$ 90.000, enquanto o mercado busca um novo ponto de equilíbrio”, diz.
Sendo assim, ele aponta que, nesse intervalo, o ativo tende a alternar movimentos de realização e recomposição de preço, sem necessariamente definir uma direção de médio prazo.
“Esse tipo de faixa costuma ser um espaço de disputa entre quem busca reduzir risco e quem está disposto a montar posição em fases de incerteza”, comenta.
Nesse contexto, a zona destacada por ele (entre 85 mil e 90 mil dólares) ganha relevância como possível região de definição de suporte e resistência para os próximos dias.
Parte técnica: sobrevenda e disputa em torno dos 90 mil
Do ponto de vista gráfico, Prado reforça que o Bitcoin vem de uma região de sobrevenda. “O movimento recente é uma tentativa de recuperação a partir de um ponto extremo de liquidação”, afirma.
De acordo com ele, a luta pela retomada da faixa de US$ 90.000 será um teste importante. “ Portanto, se o mercado não conseguir sustentar preços acima desse nível, aumenta a chance de nova rodada de pressão vendedora”, explica.
Apesar disso, a recuperação de US$ 81.500 para US$ 86.000 é vista por ele como um sinal que não pode ser ignorado.
“Mostra que existe demanda institucional por Bitcoin disposta a entrar quando o risco parece mais alto. Em suma, essa atuação em faixas de preço deprimidas costuma ser relevante para o equilíbrio de mercado, mesmo quando a tendência principal ainda é de baixa”, conclui.
O que observar daqui para frente
Para o investidor que acompanha o preço do Bitcoin hoje, Prado destaca três pontos-chave:
- Comportamento do Fed e das expectativas de juros nos EUA;
- Força do ouro como referência de aversão ou apetite a risco;
- Capacidade de o Bitcoin manter a consolidação do Bitcoin no curto prazo acima de US$ 85.000.
Enquanto isso, o mercado de criptomoedas segue em fase de ajuste, em que cada repique traz informação nova sobre quão fundo foi o movimento de capitulação e onde está, de fato, o apetite por risco dos grandes investidores.
No fim, o preço do Bitcoin continua no centro do radar: não apenas como número em tela, mas como termômetro da confiança, ou cautela, em relação aos próximos passos da economia global e da tecnologia cripto.