Os Correios fecharam o primeiro semestre de 2025 com um prejuízo de R$ 4,37 bilhões, mais que o triplo do registrado no mesmo período do ano passado (R$ 1,35 bilhão).
Só entre abril e junho, o rombo foi de R$ 2,64 bilhões — quase cinco vezes maior que o do segundo trimestre de 2024.
O balanço divulgado nesta sexta-feira (5) mostra queda da receita líquida, de R$ 9,28 bilhões para R$ 8,18 bilhões, e um salto nas despesas gerais e administrativas, que passaram de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,4 bilhões.
As despesas financeiras também dispararam, de R$ 3 milhões para R$ 673 milhões.
A empresa atribuiu a deterioração do resultado à retração no segmento internacional, após mudanças regulatórias que encareceram importações — a chamada “taxa das blusinhas”, implementada pelo governo Lula. A medida reduziu o volume de postagens e aumentou a concorrência, segundo a estatal.
Planos para conter a crise
Na tentativa de reequilibrar as contas, os Correios anunciaram um plano de contingência que prevê diversificação de serviços, racionalização de custos e aposta no comércio eletrônico, com o lançamento de um marketplace próprio.
Além disso, a empresa obteve autorização para contratar uma linha de crédito de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos Brics.
O governo também pressiona por medidas de austeridade. A ministra da Gestão, Esther Dweck, afirmou que a solução passa por cortes de custos e aumento de receitas.
Uma das principais apostas é o Plano de Desligamento Voluntário (PDV), que pode gerar economia de R$ 1 bilhão por ano.
Situação inédita na gestão
A crise se reflete também na liderança da estatal. O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, pediu demissão em julho, mas segue no cargo a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até que um substituto seja definido — algo inédito na companhia.
Histórico negativo
Os prejuízos vêm se acumulando desde 2022. Naquele ano, a estatal registrou perdas de R$ 767 milhões, reduzidas para R$ 596 milhões em 2023. Em 2024, o rombo subiu para R$ 2,59 bilhões. Agora, em apenas seis meses de 2025, o déficit já superou todo o resultado negativo do ano anterior.