Queda das ações da Oi (OIBR3) pode ser explicada por últimos “triggers”

Analistas consultados pelo BP Money também citaram risco dos papéis, no cenário macro atual, como fator de peso para quedas recentes

Nos últimos 30 dias, as ações da Oi (OIBR3) caíram mais de 26%. Os papéis, que chegaram a ser negociados a R$ 1,07 em janeiro deste ano, fecharam o pregão desta segunda-feira (13) a R$ 0,51, em queda de 7,27% no dia. No acumulado do ano, as ações têm queda de 32%. Somente na última semana, o tombo foi de 20%. O motivo para todos esses números negativos pode ser explicado, segundo analistas consultados pelo BP Money, pelos últimos “triggers” (“gatilhos”, no português, que designam acontecimentos e notícias com impacto sobre as ações) envolvendo a companhia de telecomunicações. 

Primeiro a resolução sobre a dívida com a Anatel e depois as cláusulas da venda do controle de sua empresa de infraestrutura óptica (V.tal). Esses dois fatores foram preponderantes para que as ações da Oi sofressem duras quedas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nas últimas semanas. É o que explica Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.  

“A Oi vem caindo faz um tempo. Teve toda aquela questão em relação à dívida com a Anatel, que teve um desconto bem abaixo do que o mercado esperava, depois teve a negociação da InfraCo (V.tal) para o BTG e para alguns fundos administrados pelo banco. Com a conclusão deste negócio, o mercado não tem mais trigger”, disse Komura. 

“Agora precisamos esperar a empresa sair da recuperação judicial e ver como ela vai operar, focando somente nos serviços baseados em fibra óptica. O mercado vai esperar um pouco para ver a companhia andando, conseguindo gerar caixa, e a partir daí começar a comprar. É um reflexo da venda das ações porque passou o evento, e agora é o caso de esperar mesmo. Não acredito que tenha nenhum tipo de deterioração em relação ao papel”, complementou o analista da Ouro Preto Investimentos. 

Na última sexta-feira (10), a Oi anunciou a conclusão da venda da unidade de fibra ótica para o BTG Pactual (BPAC11) em conjunto com a Globenet Cabos Submarinos, por R$ 12,9 bilhões.

Veja também: Oi (OIBR3) despenca na B3 nesta quarta-feira (1); analistas explicam queda

De acordo com um relatório divulgado pela Genial Investimentos, grande parte do valor da Oi reside na sua participação frente à V.tal e uma alienação superior ao esperado (65,3% vs 57,9%) gerou “um sentimento negativo que fez a ação cair mais de 8% na sexta-feira (10)”.

Entretanto, na visão da Genial Investimentos, a venda do controle da V.tal pode ter sido um passo fundamental para que a Oi possa sair da recuperação judicial. “A venda deste controle também possibilitou à empresa quitar integralmente seus compromissos com as Debêntures Conversíveis da V.tal com a Brookfield e a Farallon, no valor de R$ 3,5 bilhões, conforme o cronograma dado ao longo da divulgação de resultados do 4T21”, comunicou a Genial Investimentos.

Mesmo assim, para o analista da Nord Research, Fabiano Vaz, o movimento não foi muito bem visto pelo mercado, já que a fatia que ficou com a companhia de telecomunicações foi menor do que a que a empresa divulgou no guidance.

“O percentual que a Oi vai ficar da V.tal é de mais ou menos 35% até o meio do ano que vem. Percentual abaixo do que foi divulgado no guidance. A V.tal tem um potencial de valorização de resultados muito bons. A Oi poderia ter uma participação interessante nisso. Deu a impressão de que eles não tiveram um poder de barganha tão grande para conseguir negociar com o BTG e a Globenet”, disse Vaz. 

Ainda sobre a queda abrupta da Oi nas últimas semanas, Vaz afirmou que o movimento acaba espelhando um acúmulo de fatores. 

“É um papel que já proporciona muito mais risco, então nesses cenários (de mercado inteiro em queda), tende a ter um desempenho bem pior. No geral, é isso, um papel de risco que sofre muito mais nesses momentos. Tem um mercado bem ruim e essas últimas notícias não foram positivas”, concluiu. 

Para Sidney Lima, analista da Top Gain, o nível de endividamento da Oi é o que assusta o investidor.

“A empresa tem se sustentado tentando segurar ativos. Uma manobra como essa, de uma empresa se desfazendo de parte do seu patrimônio (redução de participação da Oi na V.tal) tende a assustar qualquer investidor, principalmente considerando que a venda não será distribuída aos acionistas, e todos esses processos deverão ser absorvidos pelo endividamento comprometedor da empresa, que não tem muita perspectiva de geração de caixa”, afirmou o analista da Top Gain. 

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