A queda na popularidade do presidente Lula tem agitado o mercado financeiro, criando um cenário de incerteza política, que gera reações variadas entre os investidores.
As últimas pesquisas, que apontaram apenas 24% de aprovação ao governo, revelaram o menor índice desde seus três mandatos, provocando um reflexo imediato no mercado.
De acordo com analistas, esse cenário tem alimentado o sentimento de “FOMO” (Fear of Missing Out), uma expressão do inglês que representa o medo de ficar de fora, nas operações de bolsa e câmbio.
O impacto imediato da queda na popularidade de Lula pode ser visto na alta registrada na bolsa após a divulgação do Datafolha. Porém, a análise do JP Morgan destaca que, embora o ambiente político brasileiro comece a gerar certo nervosismo, é cedo para fazer previsões baseadas nas eleições de 2026.
Em um relatório divulgado em 17 de fevereiro, o banco afirmou: “Embora os investidores no Brasil estejam começando a ficar obcecados com as eleições, achamos que ainda é muito cedo para negociar eleições.”
Apesar da instabilidade política, o Brasil continua a ser um dos mercados de melhor desempenho, especialmente nas ações e no câmbio. O clima de incerteza eleitoral tem levado muitos investidores a entrar na compra de ativos, temendo perder uma possível recuperação ou valorização.
O fenômeno é descrito como um comportamento de “FOMO”, caracterizado pela busca de oportunidades à medida que os preços sobem.
“Quando os preços estavam mais baixos, não havia compradores, mas conforme subiram, o interesse aumentou”, dizem os analistas do JP Morgan, destacando que o movimento tem sido impulsionado principalmente por notícias políticas.
Incerteza política e suas repercussões no mercado
O cenário de incerteza política, com o presidente Lula enfrentando sua pior aprovação, traz um panorama instável para o mercado financeiro, afetando diretamente a volatilidade cambial e a percepção de risco sobre o Brasil. ,
“A queda na popularidade de Lula e a possível inelegibilidade de Bolsonaro configuram um cenário de incerteza política, impactando diretamente o mercado financeiro”, comenta Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
Essa incerteza também pode ser vista nas reações do mercado às oscilações políticas. Enquanto o governo de Lula enfrenta dificuldades para aprovar reformas importantes, a ausência de Bolsonaro nas eleições de 2026 pode resultar em uma fragmentação da base conservadora.
“A ausência de Bolsonaro no cenário eleitoral de 2026 pode fragmentar a base conservadora, aumentando a volatilidade eleitoral”, afirma Braga Monteiro, destacando como a indefinição no cenário político está criando um ambiente de maior cautela entre os investidores.
Instabilidade pode ser ‘janela de oportunidade’
Por outro lado, Pedro Ros, CEO da Referência Capital, vê essa instabilidade como uma janela de oportunidade para o mercado: “Caso a direita volte ao Planalto em 2026, espera-se um viés mais liberal na economia, com foco na desburocratização, privatizações e maior controle fiscal.”
Esse cenário seria bem recebido pelos investidores, especialmente com a possível valorização do real e um aumento de investimentos estrangeiros. No entanto, a indefinição política no curto prazo pode gerar um comportamento mais conservador no setor produtivo, retardando investimentos e decisões estratégicas.
Em uma visão semelhante, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, alerta para os riscos fiscais: “A queda na popularidade de Lula pode levar a uma série de medidas populistas, priorizando o curto-prazismo em detrimento da responsabilidade fiscal.”
Para Eyng, a economia pode ter um desempenho positivo a curto prazo, com o PIB projetado para crescer cerca de 2%, mas o aumento do populismo pode gerar um desajuste fiscal que prejudique o crescimento sustentável.
O que esperar para 2026?
A expectativa é que a indefinição continue a ser um fator de risco para os investimentos, mas o mercado parece estar cada vez mais atento às possíveis mudanças, especialmente considerando que o Brasil tem o potencial de voltar a ser visto como um destino atraente para os investidores, dependendo de quem assumir o poder em 2026.
O futuro do Brasil permanece incerto, mas a queda na popularidade de Lula já tem gerado reações fortes no mercado.
O cenário de incerteza política está moldando os próximos passos dos investidores, com a expectativa de que mudanças no governo podem redefinir o ambiente econômico nos próximos anos.
O que se observa agora é uma mistura de cautela e otimismo, com muitos aguardando os próximos capítulos da política brasileira.
Embora o futuro político do Brasil esteja em aberto, o sentimento de “FOMO” pode continuar a guiar as decisões dos investidores. Paulo Merotti, sócio da Equus Capital, observa que a incerteza política e fiscal ainda está pressionando os investimentos no curto prazo.
“A instabilidade política tem aumentado a volatilidade no câmbio e na bolsa, com o real atingindo mínimas históricas diante do dólar”, afirma.