
Na sessão desta quarta-feira (5), o real brasileiro teve o melhor desempenho frente ao dólar, em comparação com uma cesta de outras 32 moedas globais. A divisa norte-americana encerrou o dia em queda de 2,72%, cotada a R$ 5,75.
Esta foi a pior performance do dólar desde outubro de 2022, quando a divisa encerrou com retração diária de 4,03%, cotada a R$ 5,17, durante a disputa eleitoral entre o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e o então presidente Jair Bolsonaro, que resultou na vitória do petista.
A Bolsa brasileira voltou a operar após dois dias fechada por conta do Carnaval, e teve uma sessão marcada por reversão do mau humor que tomou conta das negociações da última semana. Apesar disso, o Ibovespa fechou com uma leve alta, junto com os índices acionários globais.
Na última sexta-feira (28), o dólar encerrou o pregão em alta de 1,5% frente ao real, o maior fechamento desde 24 de janeiro, quando a divisa foi a R$ 5,91. No acumulado da semana, a divisa norte-americana teve alta de 3,25%, já no mês, os ganhos foram de 1,39%.
O foco dos investidores foi nos desdobramentos das tarifas sobre importações impostas pelos EUA aos seus principais parceiros comerciais. As Bolsas melhoraram o desempenho ao passo que o governo norte-americano confirmou que vai adiar em um mês as tarifas sobre carros importados do México e Canadá.
Dólar: cumprimento da meta fiscal pode ajudar a ‘proteger’ o real
Depois de manter uma forte valorização sobre o real no ano passado, o dólar consagrou 11 sessões seguidas em queda, voltando aos R$ 5,81 nesta segunda-feira (03). O movimento vem como efeito principal do cenário econômico nos EUA, mas o andamento das contas públicas também afeta a estabilidade da moeda e deve ser um fator relevante na tentativa de proteger o real no decorrer deste ano.
No ano passado, um dos fatores que mais causou abalos na Bolsa, e afastou o capital estrangeiro do Brasil, foram os rumos da meta fiscal. Considerando os resultados que o governo central vinha demonstrando e o aumento das despesas, o mercado acreditava que a meta de déficit zero – com banda de tolerância de 0,25% do PIB – não seria cumprida, no entanto, o governo federal conseguiu entregar números dentro do limite.
O resultado primário do governo central finalizou 2024 com déficit de R$ 11 bilhões (0,09% do PIB), sem levar em conta os gastos com a calamidade que ocorreu no Rio Grande do Sul, após as fortes enchentes entre abril e maio.
Entretanto, Douglas Sousa, especialista em macroeconomia e sócio da Top Gain, avaliou que a queda recente do dólar tem pouco a ver com a questão fiscal do Brasil, neste primeiro momento.
Para ele, a calmaria com a moeda se dá pelas férias do Congresso Nacional e por um momento de “falas mais tranquilas” do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Lembrando que em 2024 batemos a maior quantidade arrecadada da história, desde quando começaram a contar, em 1995, e mesmo assim conseguimos fechar com déficit de R$ 11 bilhões. Então o mercado ainda está com o pé para trás, ele vai ficar com o pé para trás nesse ano de 2025”, previu Sousa.