O mercado financeiro norte-americano, que costuma ser a base de segurança mundial, começou a semana de negociações expressando uma outra fase. As Bolsas dos EUA operam em queda firme pelo medo da recessão econômica no país. Especialistas divergem quanto à estimativa de duração dessa turbulência.
Uma combinação de fatores esperam a economia nos EUA, em frentes que vão além do controle interno, como os conflitos geopolíticos no sentido bélico. No entanto, por ser o mais visado do mundo, o mercado norte-americano também carrega mais especulações.
“Os EUA não cairão da noite para o dia. Mas existem forças em ação. Todo o resto, são as suposições que mexem com os mercados”, disse João Guilherme Caenazzo, sócio da Aware Investments.
A nuvem densa que se forma sobre os EUA vem de uma conjuntura de fragilidade mundial, e enquanto essa estrutura não se firmar, as hipóteses e temores seguirão exercendo forte influência sobre as Bolsas, explicou o especialista.
“É muito mais fácil pensar nos “e se…” do que nos fatos, ainda nebulosos e pouco conclusivos quanto aos últimos eventos, sanitários, bélicos ou políticos […] Ademais, a temporada de resultados corporativos reflete tais condições, o que reverbera o viés negativo”, afirmou.
Já o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, analisa que o pânico deve perdurar, sim. Os eventos de enfraquecimento da economia dos EUA e conflito acirrado no Oriente Médio, ganhar mais atenção a partir de agora.
“Ambos têm potencial para permanecer no radar por semanas ou meses a depender do desenrolar dos fatos”, expressou Igliori.
Temor de recessão nos EUA pressiona o Fed e pode beneficiar o Brasil
As especulações sobre uma recessão na maior economia do mundo também lançam pressão maior sobre o Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos EUA, visto que a crença do mercado é de que um relaxamento da política monetária do país ajudaria a mudar o cenário atual.
“O Fed poderia fazer um corte extraordinário [na taxa de juros], mas eu acredito que ele não vai fazer porque isso traria mais pânico para os mercados. Como as bolsas estão caindo de maneira mais comportada nos EUA, o Fed deve esperar e sinalizar que vai cortar juros em setembro”, analisou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
As apostas em uma postura mais “suave” do Fed quanto à taxa de juros tomaram conta do mercado no mês de julho, justamente após os dados da economia norte-americana.
O discurso de Jerome Powell, presidente do banco, tem sido cético, destacou Ceanazzo, o que causa reflezão sobre a racionalidade dos mercado, que para de depender das falas do Fed e se prende a dados consistente de modo repetitivo.
“Isso é capaz de estragar um plano de voo.Aos mais eufóricos, talvez seja o momento de o Fed voltar a dar choques de realidade com baldes de água fria ”, comentou o sócio da a Aware Investments.
Se o Fed decidir, de fato, por relaxar a política monetária dos EUA em setembro, quem pode se beneficiar ao final do ano é o Brasil, visto que mais recursos chegam à Bolsa brasileira, lembrou Paulo Gala.
O Fed deve “seguir fazendo tudo o que está previsto”, disse ele, e esse stress deve passar nos próximos dias.
Além disso, o economista-chefe da Nomad sinalizou que a ata da reunião de julho, que será divulgada em breve, será uma oportunidade importante para deixar bem claro o que levou à manutenção da taxa, disse Igliori.