Diz economista-chefe do Banco Master

Recorde do Ibovespa reforça otimismo com ações brasileiras

Segundo Gala, as expectativas para o índice nos próximos anos são bastante positivas

Foto: Freepik
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O Ibovespa atingiu na vérpera sua máxima histórica, ultrapassando os 140 mil pontos, marco que reacende o otimismo entre investidores e analistas de mercado. O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, avalia que o movimento reflete um ciclo favorável para a Bolsa brasileira, apoiado na forte performance das grandes companhias listadas.

Segundo Gala, as expectativas para o índice nos próximos anos são bastante positivas. Ele destaca que grandes instituições financeiras internacionais revisaram para cima suas projeções.

“Ontem o Morgan Stanley colocou uma estimativa do índice batendo 190 mil pontos até o ano que vem, meados de 2026. O Safra projeta um Bovespa em 170 mil pontos também em 2026, e o JP Morgan coloca, no cenário otimista, o índice chegando a 160 mil pontos.”

O economista ressalta que essas previsões se apoiam, sobretudo, na valorização de empresas ligadas ao setor de commodities e grandes bancos, que juntos representam cerca de metade da composição do Ibovespa.

“Isso aqui é o Brasil das commodities bombando, o Brasil dos bancões bombando”, afirmou.

Mesmo com menos empresas, B3 mantém atratividade com nomes fortes

Além das gigantes tradicionais, Gala também chama atenção para a boa safra de mid e small caps, que têm apresentado desempenho sólido.

O economista aponta que mesmo em um cenário de desaceleração econômica, com projeções de crescimento em torno de 2% para 2024, há espaço para otimismo — especialmente considerando uma possível queda da taxa Selic em 2025.

“A gente completou quatro anos de crescimento acima de 3%, e a lucratividade das empresas demonstra isso. Portanto, uma perspectiva bastante positiva para ações no Brasil”, avaliou.

Para Gala, apesar da redução no número de empresas listadas, a Bolsa brasileira segue representando um grupo seleto de companhias com forte poder de mercado. Ele cita que, em geral, “as bolsas têm as melhores empresas do país”, muitas com características monopolistas — um ponto valorizado por investidores como Warren Buffett.

Complementando essa visão, Juan Schiavo, economista e sócio da Cimo Family Office, observa que, mesmo em seu recorde nominal, o Ibovespa ainda apresenta espaço de valorização quando se olha para os fundamentos.

“Mesmo negociando em sua máxima histórica nominal, o atual patamar do Ibovespa ainda reflete um múltiplo Preço/Lucro (P/L) relativamente baixo quando comparado à média histórica”, explica Schiavo. Segundo ele, esse dado indica que o mercado continua precificando incertezas, apesar da alta recente.

Schiavo também chama atenção para a movimentação de investidores locais. Ele lembra que, nos últimos dois anos, houve uma forte migração de recursos da renda variável para a renda fixa, impulsionada pela Selic elevada.

No entanto, esse movimento de resgate perdeu força em 2025, à medida que o mercado passou a antecipar o fim do ciclo de aperto monetário.

“Como o mercado financeiro tende a se antecipar aos movimentos da economia real, e considerando que o investidor local ainda está bastante subalocado em ações, qualquer novo fluxo de capital direcionado à bolsa tende a ter um impacto relevante na valorização dos ativos.”

Para ele, a combinação de múltiplos ainda descontados com a retomada gradual dos fluxos de capital pode sustentar uma trajetória mais consistente de valorização da Bolsa brasileira nos próximos 18 meses.

No curto prazo, mesmo com uma agenda esvaziada, o mercado mantém o foco nas perspectivas estruturais: crescimento econômico moderado, possível queda de juros e um ambiente corporativo resiliente — combinação que sustenta o entusiasmo com o desempenho da B3.