Enquanto grandes redes nacionais e multinacionais de supermercados reduzem investimentos e fecham lojas, os players regionais estão avançando. Na Bahia, onde o Carrefour está encerrando as operações de seus hipermercados, a rede Hiperideal está seguindo na direção oposta, inclusive ocupando espaços deixados pela concorrente.
Focada no consumidor das classes A e B, a Hiperideal domina os bairros nobres de Salvador, com lojas localizadas a curtas distâncias entre si, dificultando a entrada de competidores. O rede decidiu expandir suas operações para fora da Bahia este ano, optando por uma estratégia ambiciosa de internacionalização.
Atualmente, o Hiperideal opera 25 lojas na região metropolitana de Salvador. Três delas foram inauguradas no ano passado, incluindo duas em locais anteriormente ocupados pelo Big, do Carrefour. Para o ano de 2024, a empresa planeja inaugurar mais duas unidades, sendo uma delas no interior da Bahia. Todas as lojas seguem o modelo operacional de mercado de vizinhança e possuem uma área de venda que varia entre 700 e 1.500 metros quadrados, um tamanho acima da média para esse tipo de operação, mas ainda inferior ao dos hipermercados.
O sócio-fundador do Hiperideal, João Gualberto, contou ao InfoMoney que, onde cabia loja com perfil de cliente da classe A e B eles já ocuparam, Salvador está praticamente saturada. “Fora que, cada loja que a gente abre tira 20% de venda de outras lojas nossas que são próximas [à nova unidade]”. Mesmo com esse impacto, o empresário defende a estratégia que levou à concentração de lojas da rede nos bairros de maior poder aquisitivo da capital baiana.
Na década de 1990, Gualberto foi proprietário de outra rede de supermercados em Salvador, o Peti Preço. Nesse período, a varejista também expandiu ocupando espaços deixados pela concorrência, como no caso da Rede Unimar, detentora da bandeira Paes Mendonça, que foi adquirida pela GP Investimentos em 1994. Com a concorrente fechando lojas e migrando para o modelo de “atacarejo”, o Peti Preço passou a atender a um segmento mais premium, até que Gualberto optou por vender a rede em 1999. A primeira loja do Hiperideal foi inaugurada três anos após essa transação.
Expansão da rede
Inicialmente, a intenção era expandir o Hiperideal para São Paulo, no entanto, a varejista percebeu que enfrentaria uma competição acirrada com outros grupos regionais na região. Diante disso, a empresa optou por ampliar suas operações internacionalmente, escolhendo Portugal como local para implementar sua estratégia de crescimento.
Em Portugal, a intenção inicial era adquirir um terreno e construir uma loja do zero. No entanto, a varejista baiana optou por comprar a parte de varejo da M. Cunha, um player local que buscava se desfazer do negócio de supermercados para concentrar-se nas operações de atacado. O valor da transação não foi divulgado.
Neste mês, a rede iniciou suas operações na cidade do Porto com cinco lojas sob a bandeira Triplo, seguindo o modelo de vizinhança, além de uma unidade de cash & carry da M. Cunha em Leiria. Conforme o acordo, a Hiperideal poderá operar com as marcas adquiridas por seis meses. A varejista manteve a mesma equipe local, que já trabalhava na operação dos supermercados.
“As lojas serão transformadas em Hiperideal, e a ideia é abrir novas unidades em Portugal”, afirmou Gualberto. Nos próximos anos, o crescimento internacional deve ser foco da estratégia da empresa. Gualberto afirma que a Hiperideal tem financiado sua expansão principalmente com recursos próprios, sendo que 25% dos investimentos são realizados por meio de empréstimos bancários.