Renner (LREN3) está “bem posicionada” em cenário macro adverso

Para analistas que avaliaram relatório recente da Renner, empresa tem "tendência de consolidação" no longo prazo

Na última segunda-feira (12), a Renner (LREN3) divulgou uma apresentação sobre sua performance no mercado brasileiro de moda nos últimos anos. Segundo o relatório publicado pela varejista, a empresa tem “emergido mais forte” no pós pandemia. Para analistas consultados pelo BP Money, a varejista de moda já estava bem preparada para o cenário de ecommerce (antes da pandemia), com estratégias omnichannel que as outras companhias não tinham e, por isso, agora, ela “está bem posicionada em um cenário macro adverso”. 

De acordo com Ricardo Borges, sócio e analista de ações da SFA Investimentos, a Renner é um player “muito bem posicionado para captura de mercado num cenário macroeconômico adverso”.  

“O varejo de vestuário sofreu um baque muito forte na crise de 2015/2016 e quando estava começando a se recuperar veio a pandemia. Nesse sentido, poucas companhias de vestuário foram capazes de realizar uma mudança para o modelo omnichannel, sendo a Renner uma delas”, explicou Borges.

A própria Renner destacou em seu relatório que a companhia saiu “mais digital” da pandemia. Borges explicou que a ampliação de canais veio após investimentos bilionários da varejista em tecnologia, em dados, em ecossistema e no centro de distribuição de Cabreúva. 

“Ainda enxergamos oportunidades da expansão do seu parque de loja, inclusive em cidades sem sua presença, ganhando mercado do pequeno varejo que está fragilizado”, disse Borges.

Para Victoria Minatto, analista da Eleven Financial, no curto prazo, com o cenário macro ainda incerto, todas varejistas de moda tendem a sofrer um pouco de forma igual, mas a Renner terá o melhor resultado. “Para o longo prazo é uma tendência de consolidação. Ela sempre foi a maior do setor e a tendência é que continue assim”, disse Minatto.

A analista da Eleven explicou que a Renner está apresentando resultados melhores no segundo trimestre de 2022, em comparação com 2019.

“Realmente está apresentando resultados bem superiores ao nível pré-pandemia. O geral é que a Renner foi a que melhor performou entre todas as varejistas de vestuário de baixa renda. Então ela teve os melhores resultados durante a pandemia e, no geral, ela também tende a apresentar resultados superiores aos outros players, como Guararapes, C&A e Marisa”, afirmou Minatto.

Entre os números apresentados pela Renner, em seu relatório publicado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na última segunda-feira (12), a empresa destaca o aumento de colaboradores, que eram 24,2 mil em 2019 e, em 2021, o número foi para 25,5 mil e a penetração online que foi de 4,3% em 2019 para 13,1% em 2021. A companhia também ressaltou os mais de 5,8 milhões de cartões ativos Realize, em 2021, contra 4,8 milhões em 2019. A Realize é o braço de serviços financeiros da Renner, fundado em 2017, que atende as classes sociais A, B e C+.

A receita líquida da Renner no primeiro semestre deste ano foi 49% maior do que a dos seis primeiros meses de 2021. A companhia destacou a retomada do crescimento e seus ganhos de market share entre 2021 e 2022. 

Assim como destacou o analista da SFA Investimentos, Ricardo Borges, a Renner também enxerga oportunidades de crescimento à frente. A companhia ainda vê a penetração digital de vestuário baixa, o que para a varejista de moda é uma “ótima oportunidade”, já que ela se classifica como um “player omni”. Segundo a Renner, o mercado de moda brasileiro é grande e “ainda fragmentado”.

“Vemos que a companhia é capaz de crescer com expansão de lojas e melhoria da produtividade associado à expansão de margens tanto bruta como operacional em relação aos patamares de hoje, o que deve levar o crescimento de lucro num ritmo bastante interessante”, afirmou Borges.

Quais são as perspectivas de curto e longo prazo para Renner (LREN3)?

Para Ricardo Borges, da SFA Investimentos, no curto prazo a casa de análise enxerga o risco de como o crédito vai impactar os resultados de sua financeira, a Realize, e também suas vendas. 

“Por outro lado, considerando que o crédito ao consumo da Renner é de ciclo curto, o impacto na Realize é de horizonte curto. Em relação às varejistas de moda listadas, há dois segmentos: premium e fast fashion. A Renner é uma fast fashion e vemos que a companhia se beneficia de escala e ótima execução de coleção o que faz que suas margens brutas sejam superiores às outras varejistas fast fashion”, finalizou Borges.