Apesar do valuation descontado em relação às médias históricas, a XP Investimentos rebaixou a recomendação para as ações da Lojas Renner (LREN3) de compra para neutro, com preço-alvo de R$ 18.
O time de análise da XP justifica o corte devido à perspectiva de resultados mais fracos, já que o clima e o cenário macroeconômico serão obstáculos para o crescimento e a expansão de margem da varejista.
O segundo trimestre é visto como um potencial gatilho para uma revisão negativa no lucro.
Especificamente, as temperaturas anormalmente altas têm persistido nas principais cidades do Brasil desde o início do segundo trimestre e, na opinião da XP, comprometeram as vendas do Dia das Mães.
Projeção da XP
Olhando para o futuro, o relatório indica que as previsões continuam apontando para uma alta probabilidade de temperaturas acima da média em junho e julho, o que representa um risco para as vendas do Dia dos Namorados.
Além disso, se o fenômeno La Niña ocorrer, poderá resultar em um verão potencialmente mais ameno no segundo semestre de 2024.
Além disso, os analistas destacam que a dinâmica macroeconômica também não tem contribuído para as vendas no varejo. Nos últimos meses, o cenário macroeconômico no Brasil se deteriorou, com novas perspectivas apontando para um ciclo mais lento de corte de juros, aumento da inflação de alimentos e um dólar mais forte.
Como resultado, a XP está mais cautelosa quanto a uma recuperação mais robusta do consumo no segundo semestre de 2024.
Segundo o relatório, a rentabilidade da Lojas Renner está em risco, visto que a varejista já iniciou a remarcação de SKUs (código para identificar produtos) de inverno. Isso, juntamente com um mix de produtos que inclina para SKUs mais leves e mais baratos, deve limitar a expansão da margem bruta.
Além disso, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização sobre a receita) também deve ser pressionada pelo desempenho mais fraco da receita.
Onda de calor não é desafio apenas para Renner
Apesar de uma queda em relação à primeira semana de maio, com uma média de -1,5°C, as temperaturas gerais ainda se mantêm acima da média de quatro anos em 88% das cidades monitoradas.
Isso, segundo a XP, comprometeu o desempenho do Dia das Mães e continua a desestimular as vendas, especialmente para os varejistas de vestuário de média renda
Analistas observam que as remarcações nas lojas começaram a se tornar evidentes, com destaque para Lojas Renner (-20%), Hering (-18%) e Riachuelo (GUAR3; -17%), enquanto a C&A (CEAB3) e a Zara apresentaram descontos mais específicos (de até 45% na Zara).
A XP também enfatiza que a estratégia para o Dia dos Namorados está concentrada em produtos mais leves, embora a maioria dos varejistas tenha expectativas modestas. Além disso, diversos varejistas destacaram as enchentes no Rio Grande do Sul (RS) como um obstáculo de curto prazo para as vendas.
Por fim, a XP avalia que as tendências climáticas recentes e as previsões projetadas devem representar um desafio para o crescimento e as margens no segundo trimestre. Como resultado, espera-se que empresas menos dependentes do clima, como Arezzo e Vivara, tenham um desempenho melhor.
Além disso, a XP tem preferência pela C&A entre as empresas de média renda, devido às iniciativas internas em andamento que podem ajudar a mitigar parte desses efeitos.