A Receita Federal começou a realizar na última terça-feira (31) o pagamento do primeiro lote de restituição do Imposto de Renda 2023. Segundo o órgão, o crédito contemplará mais de 4 milhões de contribuintes e soma cerca de R$ 7,5 bilhões em pagamentos, uma média de R$ 1.829 por indivíduo. Com a entrada de uma grana extra, a pergunta que fica é: o que fazer com essa restituição do IR?
Em entrevista ao BP Money, Jamberly Mattos, CEO do Instituto Leandro Rosadas, afirmou que esse dinheiro extra pode representar uma ótima oportunidade para criar uma reserva financeira.
“Caso a pessoa não tenha uma reserva financeira, é recomendável que esse dinheiro seja investido em títulos que tenham garantia, que sejam seguros e tenham uma rentabilidade diária. Títulos do Tesouro Direto ou CDBs que paguem pelo menos 100% do CDI podem ser uma boa pedida”, disse Mattos.
Para quem já possui uma reserva financeira e busca investir em ativos “mais arriscados”, Bruno Rocio, assessor de investimentos da Raro Investimentos, recomenda que essa restituição do IR seja alocada em ações do setor imobiliário e do varejo. De acordo com o especialista, esses setores tendem a se beneficiar de um ciclo de corte da taxa de juros, que poderá acontecer a partir do segundo semestre deste ano, segundo estimativas do mercado financeiro.
“Se a ideia é investir em ações, o ideal seria escolher empresas que se beneficiem de uma eventual queda na taxa de juros como, por exemplo, setor imobiliário ou de varejo, que acabam aquecendo com um aumento da oferta de crédito por conta das menores taxas”, argumentou Rocio.
Para além dos setores imobiliário e varejista, João Bertelli, sócio da A7 Capital, também cita os setores industrial e de construção civil como ótimas oportunidades de investimento, reiterando que as ações dos setores mais sensíveis aos juros estão atrativas.
“O momento é atrativo para investimentos em setores mais sensíveis à juros. Como o mercado está começando a precificar uma queda de juros, os setores que se beneficiam desse movimento são os melhores para se posicionar. Entre eles, podemos citar: consumo, indústria e construção civil”, acrescentou Bertelli.
Restituição do IR: investir ou pagar dívidas?
De acordo com Julio Monteiro, sócio da Megamatte e vice-presidente da ABF-Rio, a depender do endividamento do indivíduo, é possível reconciliar o pagamento de dívidas e o ato de investir com o dinheiro ganho com a restituição do imposto de renda.
“Em alguns casos, é possível conciliar o pagamento de dívidas e o investimento. Por exemplo, se as dívidas possuem taxas de juros moderadas ou baixas, pode ser vantajoso fazer um planejamento financeiro que permita destinar parte da restituição para o pagamento das dívidas e outra parte para investimentos, visando equilibrar a redução de passivos e a construção de um patrimônio”, relatou Monteiro.
Já na visão de Bertelli, para aqueles que estão inadimplentes, a recomendação é que as dívidas sejam pagas antes de fazer qualquer tipo de investimento.
“Para quem tem dívidas, a recomendação é primeiro focar em quitá-las para depois investir. Isso porque o retorno de um investimento dificilmente vai ser maior do que os juros de um empréstimo ou financiamento, que costumam ser altos. Os efeitos dos juros compostos em dívidas podem ser perversos no longo prazo, então o recomendável é evitar essa força contra o bolso e pagar as dívidas”, explicou Bertelli.