Em semana marcada pelas incertezas fiscais por conta do reajuste de 20% no Auxílio Brasil, o principal índice da Bolsa de Valores do país acumulou forte desvalorização de 7,28% ao longo da semana. O mercado repercutiu negativamente a pretensão do governo em elevar o benefício a R$ 400, além disso houve ruídos dentro do Ministério da Economia, com a saída dos secretários do Tesouro, Bruno Funchal e Jefferson Bittencourt. O mercado internacional continuou sendo beneficiado pelos bons resultados corporativos trimestrais. O dólar acumulou alta de 2,66% ante ao real.
Segunda
Em dia de alta volatilidade, o Ibovespa encerrou o pregão da segunda-feira (18) em queda. Segundo especialistas, o índice tem vivido um “cabo de guerra”, com os bons resultados trimestrais das companhias norte-americanas contra o cenário de incertezas econômicas no Brasil.
Em relatório Focus do Banco Central, as instituições financeiras aumentaram suas projeções para a inflação deste ano pela 28ª semana consecutiva. Os economistas estimam alta de 8,69% do IPCA ao final de 2021 e expansão de 5,01% do PIB este ano.
Nos Estados Unidos, os dados da produção industrial relativos ao mês de setembro vieram abaixo do esperado e pressionaram os índices negativamente.
O Ibovespa fechou em queda de 0,19% a 114.428 pontos, com volume de R$ 29,562 milhões. O dólar subiu 1,21% a R$ 5,520 na compra e R$ 5,521 na venda.
Terça
O principal índice brasileiro despencou 3,28% na terça-feira (19). O mercado repercutiu negativamente a notícia da pretensão do governo em elevar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, para R$ 400 em 2022. O Ibovespa foi na contramão do cenário internacional, que seguiu surfando nos bons números da temporada de resultados corporativos trimestrais.
Com a elevação do benefício do novo programa social, cerca de R$ 100 seriam contabilizados fora do teto de gastos. A notícia também gerou críticas dentro da equipe do Ministério da Economia, de Paulo Guedes.
Nos Estados Unidos o cenário continuava otimista. Das 41 empresas componentes do índice S&P 500 que informaram seus resultados relativos ao terceiro trimestre, 80% superaram as expectativas, segundo dados do FactSet.
O benchmark encerrou em forte queda de 3,28% a 110.672 pontos, com volume de R$ 36,163 bilhões. O dólar comercial fechou na maior cotação desde abril, com alta de 1,33% a R$ 5,593 na compra e R$ 5.594 na venda.
Quarta
Afastando-se do vermelho, o Ibovespa registrou leve alta e conseguiu respirar na quarta-feira (20).
O ministro da Cidadania, João Roma, confirmou o reajuste de 20% no Auxílio Brasil e agora o benefício será de R$ 400.
Nos Estados Unidos, o mercado ainda esperava por novas definições sobre o pacote de investimentos em infraestrutura, que deve ser reduzido de US$ 3 trilhões para US$ 2 trilhões no Congresso norte-americano.
O Ibovespa encerrou com leve alta de 0,10% a 110.786 pontos, com volume de R$ 30,7 bilhões. O dólar comercial fechou o dia em queda de 0,59% a R$ 5,560 na compra e R$ 5,561 na venda.
Quinta
O Ibovespa fechou em forte queda na quinta-feira (21), encerrando abaixo dos 108 mil pontos pela primeira vez no ano. O principal índice da B3 caiu em meio ao cenário de risco fiscal no país, principalmente após falas do presidente, Jair Bolsonaro, garantindo atender 750 mil caminhoneiros autônomos com o benefício de R$ 400.
Além disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o teto de gastos poderia ser ampliado com uma “licença fiscal” para poder financiar o Auxílio Brasil, impactando negativamente a bolsa.
Nos Estados Unidos, os últimos resultados corporativos trimestrais vieram medianos. Enquanto a Tesla, de Elon Musk, apresentou números recordes, a IBM obteve baixa de receitas.
Na Ásia, a Evergrande, gigante imobiliária chinesa, anunciou que não chegou a um acordo para vender 50,1% de sua participação no negócio de serviços para propriedades. A empresa afirmou que não há garantia de que será capaz de arcar com suas obrigações financeiras.
O índice encerrou em queda de 2,75% a 107.735 pontos, com volume de R$ 43,1 bilhões. O dólar comercial saltou 1,92% a R$ 5,667 na compra e R$ 5,668 na venda.
Sexta
O Ibovesva encerrou em queda de 1,34% no pregão de sexta-feira (22). O mercado repercutiu os pedidos de exoneração de quatro secretários do Ministério da Economia, entre eles Bruno Funchal e Jefferson Bittencourt. Além disso, houve a aprovação do parecer da PEC dos precatórios, preocupando os investidores em relação à política fiscal do país.
O anúncio de Bolsonaro sobre o auxílio aos caminhoneiros também não agradou os investidores. Segundo fontes do Palácio do Planalto, o valor dos repasses atingiria os mesmos R$ 400 do Auxílio Brasil. Os recursos para esse auxílio devem ficar em R$ 4 bilhões.
Nos Estados Unidos, o presidente do Banco Central norte-americano (Fed), Jerome Powell, admitiu que a inflação no país deve durar mais do que o esperado. Powell completou dizendo que se esse cenário permanecer, o Fed está preparado para agir. As bosas de Wall Street operaram em baixa.
Na Europa, as bolsas fecharam em alta. O principal índice europeu, Stoxx 600, subiu 0,46% por conta das notícias positivas sobre a incorporadora chinesa Evergrande.
Na Ásia, circula a informação de que a Evergrande deve pagar até sábado as dívidas que tinham vencido em setembro, uma informação que animou os mercados. As ações da empresa avançaram 4,26% em Hong Kong.
O benchmark encerrou em queda de 1,34% a 106.296 pontos. O dólar recuou 0,71% a R$ 5,627 na compra e na venda