O aguardado plano de negócios da Petrobras (PETR4) para o período de 2025 a 2029 foi divulgado na última semana. Posteriormente a empresa também indicou que pretende reforçar seu trabalho no segmento de etanol, o que para os especialistas consultados pelo BPMoney pode intensificar a competição no setor.
A Petrobras anunciou que está em busca de parceiros minoritários, ou com controle compartilhado, para atuar com o etanol através de uma nova companhia focada em utilizar matérias-primas como a cana-de-açúcar e o milho na produção e concentrar esforços nas regiões sudeste e centro-oeste.
Na avaliação de Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, a competição pode ficar acirrada sobretudo na produção do etanol de milho e no trabalho de distribuição.
“Além disso, ao ampliar sua participação na cadeia de biocombustíveis, a Petrobras pode consolidar seu papel estratégico no mercado, tanto como produtora quanto como distribuidora, ajustando-se à crescente demanda por combustíveis mais limpos”, disse.
Além disso, Guylherme Mattos, Especialista em Investimentos – CEA, afirmou que essa parceria levará à modernização e expansão da produção do combustível, influenciando também os preços no mercado.
“Além disso, com o Brasil sendo líder global na produção de etanol de cana-de-açúcar, a criação dessa nova empresa reforça a posição do país como protagonista na agenda de transição energética. Isso pode atrair investimentos no segmento de biocombustíveis, com reflexos positivos tanto no mercado interno quanto no externo”, projetou o especialista.
Em outra linha, a diversificação do mix energético pode reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, mas alguns desafios surgem no radar, visto que a expansão do etanol depende de políticas públicas consistentes, como incentivos tributários e apoio ao programa Renovabio – Política Nacional de Biocombustíveis, programa para fomentar a produção e o uso de biocombustíveis no Brasil.
“Grandes distribuidoras e usinas de etanol podem reagir à entrada da Petrobras, gerando tensões no setor”, afirmou Mattos.
Petrobras (PETR4): investimento estrangeiro virá, mas há obstáculos
A reação do mercado financeiro ao plano estratégico da Petrobras foi muito positiva, com as ações preferenciais e ordinárias subindo 3,98% e 5,23%, respectivamente, na sessão de sexta-feira (22). Dessa forma, os especialistas afirmaram que a estratégia da estatal pode, sim, torná-la mais atrativa ao investimento estrangeiro, mas ainda há algumas barreiras.
“Para o investidor estrangeiro, a prioridade é que a companhia aloque recursos de forma eficiente e reforce sua posição como líder global no setor de energia, equilibrando a transição energética com a lucratividade de suas operações principais”, comentou Dias.
Considerando que esse público específico valoriza empresas com transparência, previsibilidade e comprometimento com retorno aos acionistas, explicou o especialista, essa governança corporativa é um fator crucial para atrair aportes.
Mattos, no entanto, enfatizou que o cenário ainda é cauteloso e a “porta está entreaberta’ para o investidor estrangeiro, pois mesmo com um plano que pode ser positivo no longo prazo, o quadro do momento ainda não é totalmente favorável à Petrobras, por conta do preço do petróleo, que segue volátil devido aos desdobramentos da guerra no Oriente Médio.
“Mas melhorando esse cenário da guerra, juntando um bom planejamento pode se tornar uma grande porta para os investidores estrangeiros”, avaliou.
Na Bolsa brasileira, a qual a estatal tem forte peso, as estratégias apresentada não foram necessariamente surpreendentes, segundo Mattos, mas enquanto a empresa seguir dependente dos combustíveis fósseis e sua principal commodity estiver muito volátil, o desempenho do papel será contido, refletindo o mesmo movimento sobre o Ibovespa.