Saneamento avançado

Sabesp (SBSP3): BBA segue com compra e vê todos olhos voltados para revisão tarifária

Revisão tarifária e investimentos impulsionam perspectivas

Sabesp
Sabesp / Foto: Divulgação

O Itaú BBA revisou suas estimativas para a Sabesp (SBSP3), cuja ação já acumula alta de 36% no ano, incorporando os últimos resultados divulgados, os avanços pós-privatização, as iniciativas da administração e ajustes no modelo regulatório. 

O banco elevou o preço-alvo para o final de 2026, de R$ 132,20 para R$ 147,10 por ação, mantendo a classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente a compra).

Apesar de o papel já superar a maioria de seus pares no acumulado do ano, o BBA considera a avaliação implícita atraente, negociando a 1,06 vez o EV/RAB (Valor da Firma/Regulatory Asset Base) para 2026, frente a uma meta de 1,26 vez, com taxa interna de retorno (TIR) real de 11,4%. 

O banco também vê espaço para revisões de lucros para cima com base nos números de consenso e destaca a Sabesp como potencial consolidadora do setor, graças à sua sólida posição de balanço e vantagens competitivas.

Próximo gatilho: revisão tarifária

O principal catalisador para a Sabesp será a redefinição tarifária, que definirá a nova tarifa sob o novo marco regulatório, com vigência a partir de janeiro de 2026. A Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) tem até o final de setembro para validar a base de ativos e até o início de dezembro para divulgar a tarifa final. 

Com visibilidade limitada sobre a metodologia, o BBA estima o RAB médio de 2023 e 2024 como ponto de partida para a tarifa de 2026, sem considerar investimentos unitários de 2025, incorporando ajustes financeiros compensatórios a partir de 2027.

A Sabesp projeta investimentos de aproximadamente R$ 70 bilhões até o final de 2029, quase metade já contratada.

 A empresa concentra-se em grandes estações de tratamento de esgoto de ciclo longo, cujo retorno será remunerado na base de ativos líquidos via JOA (Juros sobre Obras em Andamento) até a plena operação. 

A companhia também reporta evolução constante dos indicadores de universalização, com progresso nos números de julho.

O BBA ressalta que o turnaround da Sabesp supera expectativas, com ganhos de eficiência em receita e custos. O EBITDA apresentou desempenho acima do esperado, especialmente no 2º trimestre de 2025, com redução de 15% nas despesas operacionais recorrentes versus 2T24 e 12% no acumulado do 1S25 frente ao 1S24. 

Para 2025, a instituição projeta desempenho 15% superior ao regulatório em despesas operacionais e economia total de 35% em PMSO (Pessoal, Material, Serviços e Outros) até 2028, acima das estimativas anteriores.

Potencial de consolidação

O banco também vê a Sabesp bem posicionada para atuar como consolidadora no setor, participando de leilões de saneamento, como o programa UniversalizaSP, com quatro blocos de concessão fora de sua jurisdição previstos para meados de 2026. 

A experiência na operação da maior concessão do estado e a sólida estrutura financeira dão à empresa vantagem competitiva para explorar essas oportunidades.


O Goldman Sachs destacou a redução de risco em uma preocupação relevante dos investidores, já que o cumprimento das metas do Fator U ajuda a evitar possível desconto nas tarifas. 

O progresso no tratamento de esgoto, que atingiu 64% da meta do Ano 1 (contra 51% em julho), aliviou preocupações do mercado. 

O banco mantém recomendação de compra para a Sabesp, que segue entre os nomes preferidos no setor de utilities, ao lado de Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3) e Equatorial (EQTL3), combinando valuation atrativo com catalisadores claros e quantificáveis nos próximos 12 meses.