Venda da companhia

Sabesp (SBSP3) tem maior ordem individual em oferta pública na B3

Operação foi desenhada para ter ordem grande na figura do investidor de referência; o formato, nos moldes adotado pelo governo de São Paulo

Sabesp/Reprodução/Facebook
Sabesp/Reprodução/Facebook

A privatização da Sabesp (SBSP3) ainda não foi concluída, mas já estabeleceu um recorde no mercado de capitais brasileiro. A venda da companhia de saneamento de São Paulo registrou a maior ordem individual em valor absoluto em uma oferta pública no Brasil.

A Equatorial ofereceu R$ 6,9 bilhões por 15% da empresa de saneamento. O recorde, no entanto, não deveria ser uma surpresa.

Há uma justificativa para isso: a operação foi planejada para incluir uma grande ordem, representada pelo investidor de referência. Esse modelo ainda não havia sido utilizado no mercado de ações brasileiro da forma como o governo de São Paulo está implementando.

A ordem de compra da Equatorial, com preço por ação de R$ 67,00, abaixo da cotação recente da Sabesp, que gira em torno de R$ 78,00, supera todas as ordens individuais de investidores em ofertas públicas de ações conhecidas no Brasil, segundo fontes que acompanham o mercado.

Mesmo em modelos onde a oferta pública inclui um investidor âncora ou uma tranche prioritária para um investidor específico, seja um controlador ou um banco, nenhuma única ordem chegou perto desse valor.

Privatização da Sabesp

Na privatização da Eletrobras, em meados de 2022, não havia a figura do investidor de referência, resultando em todas as ordens sendo colocadas na mesma oferta, que movimentou R$ 34 bilhões, mais do que o dobro da venda da Sabesp.

Embora a oferta da Eletrobras tenha sido significativamente maior que a da companhia paulista de saneamento, prevista para movimentar um total de R$ 15 bilhões, a operação do setor elétrico não teve ordens individuais comparáveis aos valores da Equatorial, com a maioria das ordens situando-se entre R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

Durante a privatização da Eletrobras, fontes indicaram que dois grandes investidores, o GIC, fundo soberano de Cingapura, e o CPPIB, fundo de pensão do Canadá e também acionista da Equatorial, fizeram pedidos de reserva aos bancos que somavam mais de R$ 4 bilhões cada, porém propuseram pagar preços pelos papéis da empresa de energia abaixo de R$ 40,00 por ação — valor abaixo do mínimo considerado pelo governo.

Oferta pública

Na oferta pública, as ações foram vendidas a R$ 42,00. Devido à falta de aumento no preço proposto por esses investidores, seus pedidos não foram atendidos.

Historicamente, outra ordem individual significativa em termos absolutos, porém em um setor bastante diferente do da Sabesp, foi da empresa de maquininhas de cartões Stone. Em 2021, a Stone adquiriu uma participação minoritária de 5% no Banco Inter por cerca de R$ 2,5 bilhões, uma transação que foi concluída no início do ano passado.

A proposta da Equatorial sozinha ultrapassa o valor total de muitas ofertas de ações realizadas no Brasil nos últimos anos. A privatização da Copel, empresa de saneamento do Paraná, movimentou R$ 5,2 bilhões em agosto do ano passado, também sem contar com a figura do investidor de referência.