Samarco: acionistas e credores trocam acusações na Assembleia

O diretor Luiz Saragiotto alegou que os credores não desejaram marcar reuniões

A assembleia geral de credores da Samarco, realizada nesta segunda-feira (18), começou com discussões e acusações entre os acionistas e os credores financeiros da empresa.

Segundo informações do “Valor Econômico”, o diretor de reestruturação da Samarco, Luiz Fabiano Saragiotto, alegou que a empresa manteve-se disponível para negociações, mas nem sequer uma reunião foi marcada pelos credores com a participação da empresa. Ele também disse que o plano apresentado pela Samarco está alinhado à sua realidade financeira atual e a prognósticos futuros.

Tentativa de ressarcimento voltou a ser pauta na Samarco

Por sua vez, o advogado Paulo Padis, sócio do Padis Mattar Advogados, representante de mais de 120 credores financeiros da companhia, classificou como “absurda” a situação atual, que consiste na tentativa de ressarcimento de mais de US$ 5 bilhões das sócias da mineradora. 

Segundo Padis, as sócias da empresa foram consideradas responsáveis de forma direta e indireta pelo acidente ambiental causado pelo rompimento da barragem na cidade mineira de Mariana, no ano de 2015.

O advogado disse também que Vale (VALE3) e BHP Billiton (BHPG34) adotaram uma série de medidas para blindar o seu patrimônio em detrimento do patrimônio da Samarco, e que as sócias suprem a produção da companhia com outras fontes de minério, de forma que os acionistas ganham, enquanto a Samarco e os credores perdem.

Em contrapartida, os advogados da BHP e da Vale alegaram que os acionistas da Samarco investiram o valor de R$ 8 bilhões para que a empresa retomasse as operações após o acidente em Mariana, e que é de total interesse das sócias que a Samarco retome de forma integral suas atividades.

Ainda segundo o “Valor Econômico”, os advogados também disseram que os acionistas fizeram uma série de concessões para que o plano fosse de fato aprovado, porém, os credores financeiros ainda insistem para que a Samarco pague integralmente o valor dos créditos.

O advogado da Vale, Gustavo Mota, também afirmou que vê a acusação da suposta ação fraudulenta dos acionistas como preocupante. “Quando se fala em fraude, abuso de personalidade jurídica, dá a entender que a fraude foi feita com chancela judicial. O TTAC (Termo de Transação e Ajustamento de Conduta) foi feito com intensas dicussões com todas as autoridades judiciais”, afirmou Mota.

Após as discussões e trocas de discussões, o administrador judicial, Dídimo Inocêncio de Paula, solicitou um recesso de 30 minutos na reunião da Samarco, antes do início da votação do plano de recuperação judicial.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile