O Santander revisou suas projeções para a taxa Selic ao final de 2024 e 2025, além de ajustar a estimativa para o atual ciclo de cortes nos juros. Agora, o banco prevê mais dois aumentos de 0,5 ponto percentual na taxa básica pelo Banco Central em novembro e dezembro, elevando a Selic para 11,75% até o fim deste ano. Anteriormente, a expectativa era de que a taxa atingisse 11,25% em dezembro.
Em relatório publicado hoje, a equipe de economistas comandada por Ana Paula Vescovi destaca que o “cenário de um hiato do produto mais estreito, o ceticismo em relação à política fiscal e as expectativas de inflação superiores à meta de 3%” foram fatores que impulsionaram o Copom a iniciar o ciclo de elevação dos juros.
“Apesar do início gradual (com alta de 0,25 ponto), o tom da comunicação e, acima de tudo, a piora das suas projeções de inflação” levaram o Santander a revisar a trajetória esperada para a Selic, aponta o relatório.
Os economistas também ressaltam que, além da inflação, a atividade econômica brasileira tem superado as expectativas. Diante desse cenário, afirmam que “o ambiente atual pode requerer uma Selic 1 ponto percentual acima da nossa projeção anterior”.
“A mudança de estratégia reflete o compromisso do Copom em manter a estabilidade das expectativas de inflação no contexto de pleno emprego e de um cenário fiscal complexo. Mas também leva em conta a evolução da posição ‘dovish’ de outros bancos centrais”, dizem os profissionais do Santander, em referência aos ciclos de cortes de juros em outros países.
O Santander manteve suas previsões para o câmbio, projetando o dólar a R$ 5,40 ao final de 2024 e a R$ 5,50 no término de 2025. Segundo o banco, embora o aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA e os estímulos fiscais da China para apoiar as commodities tenham ocorrido, esses fatores não foram suficientes para sustentar o real recentemente.
“Em nossa opinião, esse desempenho está relacionado com as crescentes incertezas no campo fiscal doméstico, à medida que a indisposição do governo do Brasil em cortar gastos fica cada vez mais clara”, diz o Santander.
Santander revisa projeção para Selic, mas vê BC mais relaxado
Se unindo a outras instituições financeiras importantes do Brasil, o Santander também espera uma elevação da Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom na semana que vem.
O novo cenário-base montado pelo banco vê que as elevações de juros devem ser feitas no ritmo de 0,25 ponto percentual pelas próximas quatro reuniões do colegiado do BC (Banco Central), o que levaria a Selic a 11,5% em janeiro de 2025.
Porém, ao contrário das demais instituições, o Santander espera um BC menos restritivo, ou hawkish, visto que o consenso atual espera uma Selic em 12% ao ano no começo de 2025.
Em relatório do Santander destacou que o crescimento o PIB (Produto Interno Bruto) acelerou, mas as expectativas de inflação e a taxa de câmbio continuam sendo uma fonte de preocupação. O documento foi assinado pelo economista Marco Antonio Caruso.