Santander (SANB11) deverá ter (mais um) trimestre fraco

Segundo analistas, o balanço do 1T23 do Santander ainda será afetado pelo rombo bilionário da Americanas

O Santander (SANB11) irá abrir a temporada de divulgação de resultados de instituições financeiras no Brasil, referentes ao primeiro trimestre de 2023, na terça-feira (25). De acordo com analistas consultados pelo BP Money, o banco deverá apresentar mais um balanço financeiro trimestral fraco, ainda afetado pelo rombo bilionário da Americanas (AMER3).

“Os números do próximo resultado trimestral do Santander deverão ser ainda fracos, como foram no trimestre passado. Vale ressaltar que o balanço do quarto trimestre de 2022 foi bastante afetado pelo provisionamento milionário por conta do rombo da Americanas, então isso deve ter algum reflexo ainda neste primeiro trimestre”, afirmou Max Bohm, estrategista de ações da Nomos.

“A expectativa é de um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, um resultado bem abaixo do que o Santander entregou nos últimos dois anos. Além disso, o ROE (Retorno sobre Patrimônio) deverá ser de 11%, resultado bem baixo, sendo que o banco mostrou um ROE acima de 20% nos últimos dois anos”, acrescentou Bohm.

De acordo com o advogado Emanuel Pessoa, mestre em Direito Internacional e doutor em Direito Econômico, o resultado da tesouraria do Santander e as despesas administrativas deverão decepcionar neste primeiro trimestre de 2023 por conta do patamar atual da taxa de juros, em 13,75%, e da alta da inflação.

“Por conta do patamar atual da taxa de juros, o resultado da tesouraria do Santander deverá decepcionar neste primeiro trimestre do ano. Além disso, as despesas administrativas devem ficar mais elevadas pela alta da inflação”, disse Pessoa.

Para Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o índice de inadimplência do Santander irá se manter estável neste primeiro trimestre do ano, tendo apenas um leve aumento em relação ao quarto trimestre de 2022.

“Com base no histórico recente de crescimento do crédito, aumento da taxa de juros e da inflação, houve um impacto na inadimplência e endividamento das famílias, o que tem sido uma fonte de preocupação. No entanto, o Santander tem conseguido manter um índice de inadimplência controlado. Espera-se que no balanço deste trimestre, o índice de inadimplência do Santander seja ligeiramente maior em comparação ao trimestre anterior, atingindo 4,5%, representando um aumento de 0,2 p.p”, pontuou Gonçalvez.

Ainda segundo o CEO da Box Asset, é esperado que o Santander reporte um avanço dos dados operacionais e da receita, influenciados pelas estratégias de fusões e aquisições do banco espanhol.

“Um ponto positivo deste trimestre será o avanço dos dados operacionais, impulsionado pela estratégia de fusões e aquisições implementada pelo banco, além da sua forte presença no mercado digital. Esses fatores podem resultar em um aumento na receita e na eficiência operacional, que são indicadores-chave para avaliar o desempenho do banco”, acrescentou.

Santander deverá ter 2023 desafiador

O Santander (SANB11), junto com outros grandes bancos, como BTG Pactual (BPAC11) e Itaú (ITUB4), é um dos maiores credores da Americanas. No quarto trimestre de 2022, o banco espanhol informou ter elevado as provisões em 18,6%, para R$ 7,36 bilhões, e constituiu uma reserva de R$ 1,1 bilhão para perdas relacionadas à varejista, que está em recuperação judicial.

De acordo com Pessoa, o Santander deverá ter um restante de 2023 desafiador caso a Americanas siga inadimplente e não pague parte da sua dívida bilionária com o banco, estipulada em R$ 3,65 bilhões. Segundo o advogado, a instituição financeira ainda não fez a provisão integral dos créditos.

“O Santander foi fortemente afetado pela questão das Americanas, e o fato de ainda não ter feito a provisão integral dos créditos pode levar a surpresas negativas se a Americanas seguir inadimplente. A perspectiva é que o banco recupere sua rentabilidade de outrora apenas no segundo semestre ou no começo do próximo ano”, explicou.

Para Gonçalvez, o cenário macroeconômico desafiador irá atrapalhar os próximos balanços trimestrais do Santander, podendo fazer com que o banco registre uma queda nos lucros. O analista também prevê um fraco crescimento de crédito, alta nas provisões e um crescimento na alíquota de imposto do banco.

“O Santander terá mais um ano difícil em 2023, com a possibilidade de uma queda nos lucros. Isso se deve ao cenário macroeconômico desafiador que o banco enfrenta. Para reduzir o risco de crédito, é provável que haja um crescimento de crédito de apenas 7% ao ano, o que é um pouco inferior à média do setor”, disse.

“As provisões ainda podem ser altas, mas devem crescer menos do que a carteira de crédito, devido a um mix com menor risco. A margem com o mercado ainda deve permanecer fraca, uma vez que os juros devem permanecer mais altos do que o esperado. Além disso, a alíquota de imposto do Santander também deve aumentar de 20% em 2022 para 30% em 2023, o que pode afetar ainda mais seus resultados”, acrescentou o CEO da Box.

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