Uma decisão importante se apresenta para a Saudi Aramco no início de 2025: cortar seu dividendo trimestral de R$ 179 bilhões (US$ 31 bilhões) – agravando, assim, o déficit orçamentário do reino saudita – ou continuar se endividando para manter o pagamento.
A empresa é a maior exportadora de petróleo do mundo e uma peça-chave no sistema financeiro saudita, pois seus negócios e pagamentos expressivos ajudam no financiamento dos planos de gastos trilionários do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, segundo a “Bloomberg”.
Ao passo que os preços do petróleo seguem contidos, o orçamento do reino está sendo pressionado. Em paralelo a isso, a produção se mantém perto dos níveis mais baixos em três anos.
O balanço patrimonial da Saudi Aramco também está diante de uma pressão crescente por conta dessa dependência, uma vez que está distribuindo mais do que está ganhando, deixando a empresa com uma dívida líquida no 3º trimestre do ano.
Anteriormente, há apenas 1 ano, a empresa tinha mais de R$ 156 bilhões (US$ 27 bilhões) em caixa líquido, segundo o veículo de notícias.
A Saudi Aramco já vendeu cerca de US$ 8 bilhões em títulos em dólares em 2020, na época a pandemia de Covid-19 estava fazendo os preços do petróleo caírem, e outros US$ 6 bilhões foram vendidos no ano seguinte.
Na avaliação do diretor financeiro, Ziad Al-Murshed em chamadas de conferência recentes, levantar dívida não é necessariamente algo ruim, dado seu baixo nível de endividamento.
Comparado a alavancagem de 2 dígitos da maioria das grandes companhias de petróleo do mundo, o índice de endividamento da Saudi Aramco é de cerca de 2%, de acordo com dados da Bloomberg Intelligence.
A empresa tinha R$ 51,4 bilhões (US$ 8,9 bilhões) em dívida líquida no terceiro trimestre. Já a dívida líquida da BP era de R$ 124 bilhões (US$ 24 bilhões) e a Shell tinha R$ 202 bilhões (US$ 35 bilhões).
Saudi Aramco pagará R$ 174 bi a acionistas e ao governo saudita
A Saudi Aramco divulgou ao mercado, nesta terça-feira (6), que seu lucro líquido no segundo trimestre deste ano (2T24) superou as previsões do mercado e anunciou a intenção de distribuir US$ 31,05 bilhões em dividendos ao governo saudita e aos seus acionistas.
A empresa petrolífera nacional da Arábia Saudita revelou um lucro líquido trimestral de US$ 29,07 bilhões, um valor inferior aos US$ 30,83 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
No entanto, o resultado superou as previsões de US$ 27,7 bilhões do mercado, conforme a estimativa mediana fornecida pela Saudi Aramco.
De acordo com a petrolífera, os lucros foram impulsionados pelos preços elevados do petróleo bruto, que compensaram a redução nos volumes vendidos e as margens de refino mais baixas ao longo do ano.
A Saudi Aramco relatou que os preços do petróleo bruto melhoraram em comparação com o primeiro trimestre, devido à redução da pressão inflacionária, ao robusto crescimento sazonal e à diminuição dos estoques de petróleo.
A petrolífera saudita planeja ampliar seu portfólio global de gás natural liquefeito (GNL). Este ano, a empresa firmou diversos acordos com produtores de gás super-resfriado, incluindo parcerias com a NextDecade, do Texas, e a Sempra, da Califórnia.