A alta da Selic (taxa básica de juros) é amplamente reconhecida como um fator que limita a rentabilidade dos fundos, especialmente os fundos imobiliários. Entretanto, analisando o cenário, especialistas observam que alguns segmentos dentro dos fundos podem ser mais afetados que outros, e orientam os investidores sobre como adaptar suas carteiras.
De acordo com Lucas Sigu, sócio fundador da Ciano Investimentos, é essencial diversificar e entender a natureza dos fundos, como fundos de papéis, de tijolo e de desenvolvimento.
“O investidor precisa compreender as diferenças entre os fundos de papéis, fundos de tijolos e fundos de desenvolvimento, avaliando a relação risco-retorno em cada categoria”, explicou Sigu. Em meio ao atual ciclo de alta da Selic, ele observa que os fundos de tijolo — especialmente os focados em ativos físicos, como galpões logísticos — mostram-se mais resilientes.
Complementando essa visão, Alexandre Despontin, CEO da Mérito, destaca a oportunidade nos fundos de desenvolvimento imobiliário. “Esses fundos podem aproveitar o momento para adquirir terrenos a preços mais baixos, o que potencializa a rentabilidade no médio e longo prazo”, afirmou. Despontin considera que a alta dos juros traz a chance de adquirir ativos descontados com bom potencial de valorização.
Cenário pode ser ‘oportunidade para adquirir ativos com preços descontados’, diz especialista
Despontin acredita que o atual cenário pode representar uma oportunidade para adquirir ativos descontados e com potencial de valorização a médio e longo prazo.
Segundo ele, “fundos de tijolo e de desenvolvimento que estão descontados e que apresentam resultados operacionais consistentes e recorrentes podem ser uma boa opção”. Ainda assim, o especialista destaca a importância de cautela com fundos que oferecem dividendos elevados no curto prazo sem recorrência, o que pode levar a uma desvalorização futura das cotas.
Aumento da Selic é resultado da alta da inflação
Especialistas apontam que o ciclo de aumento da taxa de juros é uma resposta ao avanço da inflação, visando trazer a variação de preços para perto da meta de 4,5% do governo. Em outubro, o IPCA subiu 0,56%, acumulando 4,76% nos últimos 12 meses. Despontin destaca que existe uma correlação inversa entre a taxa Selic e o valor dos fundos imobiliários. “Quando os juros aumentam, os preços dos fundos imobiliários negociados no mercado secundário tendem a cair”, explica.
Apesar do impacto dos juros altos sobre os fundos imobiliários, a orientação dos especialistas é buscar ativos que, além de estarem descontados, apresentem consistência de resultados. Dessa forma, é possível capturar o potencial de valorização, diversificando entre tipos de fundos e analisando cuidadosamente seus perfis de risco e retorno.