Na primeira eleição brasileira em mais de uma década sem o X, antigo Twitter, as equipes de marketing dos candidatos precisaram se ajustar à ausência da rede social.
Embora não tenha gerado impactos capazes de alterar o rumo das eleições, os profissionais admitem que a suspensão da plataforma trouxe prejuízos em uma disputa política cada vez mais digitalizada.
Apesar de não ser a rede social mais popular no Brasil e de estar perdendo usuários nos últimos anos, o Twitter ainda desempenhava um papel crucial para medir a reação dos eleitores — o que estava viralizando, a resposta das pessoas às postagens e falas dos candidatos, de acordo com estrategistas.
Manuela D’Ávila, ex-deputada e atual responsável pelas redes sociais de Guilherme Boulos, candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, afirma que o deputado tinha uma conta no X altamente engajada, com mais de 1,5 milhão de seguidores, onde as postagens tinham repercussão imediata.
“Tem uma perda do público que forma muito opinião, que acompanha muito de perto, e forma uma repercussão muito mais rápida. Tem uma perda nesse sentido”, afirma.
Proibição da rede social X no Brasil
A rede social de Elon Musk, o X, foi proibida no Brasil no final de agosto por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decisão que posteriormente foi ratificada por unanimidade pela Primeira Turma da corte. A proibição é resultado de um longo e conturbado confronto entre Moraes e Musk, que se recusou repetidamente a acatar ordens judiciais no país.
Na sexta-feira (4), a plataforma informou que efetuou o pagamento de R$ 28,6 milhões em multas impostas pelo magistrado e solicitou autorização para retomar suas operações no Brasil. No entanto, a decisão final sobre o possível retorno da rede social ainda está em análise.
O publicitário Sérgio Lima, que integrou a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022 e atualmente coordena cinco campanhas do Republicanos no interior de São Paulo, também avalia que a suspensão do X prejudicou a capacidade de monitoramento das campanhas.
Segundo Lima, a rede social era a mais eficaz para filtrar, com base em dados de geolocalização, os temas em destaque na corrida eleitoral, chegando, em sua opinião, a oferecer indicativos sobre a intenção de voto dos eleitores.
Além disso, ele explica que as campanhas precisaram se reorganizar para manter o contato com a imprensa. Informações como a agenda dos candidatos, que antes eram divulgadas no Twitter, agora foram realocadas para canais como e-mail e WhatsApp.
Moraes diz que X depositou R$ 28,6 mi das multas na conta errada
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, informou nesta sexta-feira (4) que a rede social X depositou R$ 28,6 milhões referentes a multas devidas à Justiça na conta errada.
A conta a qual o valor deveria ter sido depositado é no Banco do Brasil (BBAS3), mas foi enviado a outra conta na Caixa Econômica Federal, segundo apuração da jornalista Daniela Lima, do portal “g1“.
Para que o X volte a ser liberado para uso no Brasil, Moraes determinou a regularização do pagamento. A plataforma havia informado, nesta sexta, que pagou as multas impostas pelo STF e pediu para voltar a funcionar no país.
Após o engano, Moraes ordenou que a Caixa Econômica Federal faça a “transferência imediata” dos R$ 28,6 milhões para a conta correta, segundo o veículo.