Tragédia no RS

"Setor aéreo sofrerá perdas significativas", diz especialista

O BP Money ouviu dois especialistas para avaliar os impactos que as companhia aéreas, e o setor como um todo deve reagir sem o Aeroporto Salgado Filho

"Setor aéreo sofrerá impactos significativos", diz especialista
Aeroporto Salgado Filho após tragédia / Agência Brasil

O fechamento temporário do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, desde o início de maio devido às inundações, têm gerado impactos significativos nas companhias aéreas. O aeroporto, que deve reabrir na segunda quinzena de dezembro, é um importante hub logístico no Rio Grande do Sul

Segundo Fabrício Granito, CEO do HEL Ecossistema, o impacto financeiro é inevitável. “O setor sofrerá perdas significativas devido ao alto custo do remanejamento de voos para aeroportos adjacentes como Canoas e Caxias do Sul, além da perda de receita com reembolsos e cancelamentos de voos”, afirma Granito. 

Alexandre Miserani, economista e professor, reforça essa visão, o Aeroporto Salgado Filho é crucial para a logística do Rio Grande do Sul. “A interrupção afeta diretamente a receita das companhias aéreas e a movimentação do aeroporto, que precisará ser reestruturado devido aos danos causados pelas inundações”.

Granito explica que a logística alternativa está gerando custos adicionais. “Qualquer mudança na estrutura, especialmente para aeroportos menores, resulta em gargalos e custos operacionais mais elevados, incluindo combustível e acomodação para passageiros.” 

“O fechamento do aeroporto leva ao uso de aeroportos em outros estados, como Santa Catarina, aumentando os custos de transporte e afetando toda a malha logística do estado”, complementa Miserani.

A previsão de recuperação é incerta. Granito estima que a normalização pode levar até dois anos. “A aviação é sensível a tais impactos”.

“A recuperação financeira completa poderá levar até dois anos, especialmente devido aos investimentos necessários para evitar futuros problemas semelhantes”, completa Granito.

Miserani é cético quanto à rapidez dessa recuperação, om a expectativa de reabertura apenas em dezembro, o prejuízo será significativo.

“Estratégias como o uso de aeroportos próximos podem mitigar alguns impactos, mas não eliminam o caos instalado”, afirma.

Reação do Mercado Financeiro

O impacto no mercado financeiro depende da resposta estratégica das companhias aéreas. “No curto prazo, haverá desvalorização das ações das companhias aéreas e empresas de infraestrutura aeroportuária,” afirma Granito.

“A reação estratégica das companhias será crucial. Soluções bem planejadas podem minimizar os impactos financeiros e, consequentemente, a queda das ações”, acrescenta Miserani.

Medidas Mitigadoras

As companhias aéreas estão trabalhando em conjunto com o governo para mitigar os prejuízos. Granito menciona que as companhias estão em tratativas constantes com o governo para encontrar soluções.

Miserani observa que parcerias estratégicas podem ser reforçadas: “Iniciativas conjuntas, como o compartilhamento de voos para otimizar a ocupação, serão fundamentais para minimizar os impactos operacionais e financeiros.”

O fechamento temporário do Aeroporto Salgado Filho representa um desafio significativo para as companhias aéreas, com impactos econômicos e operacionais amplos. A recuperação completa exigirá tempo, investimentos e estratégias bem coordenadas entre as empresas e o governo.