Se você tentou comprar ingressos para festivais ou shows neste ano, provavelmente se deparou com uma longa fila (mesmo que virtual) e muita concorrência. A retomada do setor de eventos vem chamando atenção do mercado pela velocidade de liberação da demanda reprimida durante os dois anos de pandemia da covid-19. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, a alta procura está puxando os preços das entradas, que estão até 30% mais caras na comparação com 2019.
Mas não só de shows vive o setor de eventos. Casamentos, aniversários, festas em buffet infantil, feiras, congressos, encontros corporativos e confraternizações também atravessam um pico de demanda, que provoca filas de até um ano e pressiona os preços com o aumento da disputa por fornecedores. Como aponta a reportagem de Raphaela Ribas para o jornal carioca: em 2022, este mercado está vivendo dois anos em um.
Só para este ano estão previstos shows de nomes populares da cena internacional, como Justin Bieber, Dua Lipa, Guns N’Roses, Slipknot, Coldplay, Björk e outros. A maioria teve os ingressos esgotados em poucos minutos. Cena comum mesmo antes da pandemia, os sistemas das plataformas de vendas caem dado o grande volume de tráfego que atraem nesses momentos. Nas redes sociais, muitas pessoas relatam se organizar em esquemas para garantir seus ingressos para ver os ídolos – com o furor provocado pelos shows, há também um alerta para o aumento dos golpes nessas plataformas.
Mas o cenário de entretenimento se diferencia do resto do mercado de eventos. Aquecido desde o fim do ano passado, o segmento acelerou no começo deste ano e promete um segundo semestre ainda mais agitado no País. É uma frente beneficiada por depender de uma demanda com tempo de resposta mais rápido, quer dizer, além do apelo aos fãs, o tíquete médio para frequentar um show é muito mais baixo que os custos de organizar um casamento, um aniversário ou, no caso de empresas, feiras de negócios. Isso torna o nicho de shows mais acessível ao seu público pagante na comparação com o resto do setor.
Outro fator crucial para a recuperação do segmento é que o cenário de shows, de maneira geral, depende de fornecedores maiores, empresas que, de certa forma, tinham mais recursos para segurar os quase dois anos sem atividades presenciais.
Uma questão para a retomada dos eventos corporativos, técnicos e científicos hoje, reporta o jornal “O Globo”, é a ruptura dessa cadeia. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o segmento depende de cerca de um ano de planejamento e só começou a voltar em março deste ano. Além disso, a cadeia de fornecedores para esse mercado está saturada, depois que muitos negócios quebraram ou simplesmente encerraram as operações. Com os aumentos de preços no diesel e a alta do setor imobiliário, muitas operações se tornaram inviáveis para empresas menores.
Aquecimento do setor de eventos deve impulsionar geração de vagas no mercado
O mercado de eventos tem mais de 647 mil empresas e 2,4 milhões de microempreendedores formalizados no Brasil. Mas enfrenta a dificuldade de ter menos fornecedores à disposição hoje e pouco tempo para treinar nova mão de obra. Segundo a matéria do jornal “O Globo”, esse cenário abre oportunidades num setor que “envolve mais de 50 cadeias produtivas, mobiliza em torno de 6 milhões de pessoas e movimenta R$ 334 bilhões por ano (cerca de 4,5% do PIB)”.
Com a retomada a partir do quarto trimestre de 2021, o setor gerou cerca de 268 mil novas vagas de emprego no ano passado. Pelo ritmo, a previsão é que o número de empregos gerados neste ano seja ainda maior. A “CNN Brasil” reporta que, na tentativa de reestruturar o mercado de eventos, a Abrape fez um convênio com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para formar novos profissionais.
Mesmo com os desafios da crise, o consumidor se mostrou bem receptivo à oferta desse mercado. A alta do setor de eventos é um indício que, apesar da queda da renda e cortes no consumo discricionário, ainda há um segmento da população ávido para voltar às atividades sociais, características da vida antes da pandemia. E esse público está encontrando maneiras de driblar a inflação para se permitir, vez ou outra, assistir ao show do seu ídolo ou celebrar uma data especial.