Shein: peça brasileira pode ser mais barata que chinesa

"O Brasil tem tudo, tem a matéria-prima, o algodão, o poliéster e o jeans", disse o CEO da Shein no Brasil Marcelo Claure

As roupas fabricadas pela Shein no Brasil podem sair mais baratas do que as peças importadas vindas da China. A possibilidade foi dita pelo sócio da empresa, o boliviano Marcelo Claure, presidente da varejista de moda online no Brasil e na América Latina.

“O Brasil tem tudo, tem a matéria-prima, o algodão, o poliéster e o jeans”, disse Claure em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, na recém-inaugurada sede da Shein no país, na avenida Faria Lima, zona oeste de São Paulo, endereços de bancos e multinacionais. “Meu sonho é que tenhamos designers brasileiros, tecidos brasileiros, fabricação brasileira e a venda dos produtos em todo o mundo. Estamos perto de conseguir isso”. Com informações do jornal “Valor Econômico”.

Segundo Claure, o custo de produzir roupa na China pode ser menor do que no Brasil, mas existe um alto custo envolvido em trazer a roupa da Ásia para o consumidor brasileiro.

“As economias obtidas com a logística nos permitem pagar os custos mais altos de fabricação no Brasil, o que incluem os impostos”, diz. “As primeiras fábricas que montamos nos mostram que os custos são similares. Não precisamos mais importar algodão brasileiro, fabricar na China e exportar para o Brasil.”

Hoje a Shein já tem 151 fábricas trabalhando com exclusividade para a varejista online. “Sou orgulhoso em dizer que, um mês depois de anunciarmos a produção local no Brasil, já temos peças brasileiras vendidas localmente”, afirmou Claure, referindo-se ao compromisso da Shein com o governo brasileiro, anunciado em 20 de abril, de investir R$ 750 milhões dentro de três anos, com a contratação de 2.000 fábricas no país. “Até o final deste mês, serão 200 fábricas.”

De acordo com Claure, o Brasil já representa um dos cinco maiores mercados da Shein no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Arábia Saudita, França e Inglaterra.

“A Shein faz negócios com 165 países e o Brasil é um dos três onde a empresa mais cresce”, diz. A empresa não revela faturamento, mas estima-se que as vendas anuais estejam na casa dos US$ 23 bilhões (R$ 117 bilhões), o que a coloca em nível semelhante às gigantes do varejo têxtil, donas de redes de lojas como a espanhola Zara e a sueca H&M.

Haddad diz que pode rever imposto de importação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo pode rever a alíquota de importação de 60%, que incide sobre o valor aduaneiro. A discussão sobre a cobrança da taxa é motivada, sobretudo, por produtos de empresas estrangeiras como as companhias de comércio on-line Shein, Aliexpress e Shopee.

A afirmação de Haddad foi feita em entrevista à emissora GloboNews, na última sexta-feira (26). O ministro não deu detalhes sobre a eventual alteração do imposto. Observou apenas que discutirá o tema com representantes do setor de varejo e com estados, que também cobram tributos sobre a circulação de mercadorias (ICMS). “O que não posso é manter a situação como está”, disse.

Em abril, o governo havia anunciado que acabaria com uma isenção de até US$ 50 para encomendas internacionais entre pessoas físicas. O benefício favoreceria, de forma irregular, as empresas chinesas. Elas estariam escapando da taxação, em detrimento do varejo nacional.

Poucos dias depois, e a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad desistiu de adotar a medida. Na ocasião, disse que a Receita Federal reforçaria a fiscalização sobre essas companhias. Depois disso, a Shein anunciou um plano de investimentos de R$ 750 milhões para produzir no Brasil. A Shopee inaugurou dois novos centros de distribuição, os primeiros da empresa no Nordeste.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile