Softbank / Divulgação
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O SoftBank vendeu toda a sua participação na Nvidia, levantando US$ 5,83 bilhões para financiar novos investimentos em inteligência artificial (IA). O movimento ocorre em meio à crescente preocupação de investidores sobre o volume de capital destinado a uma tecnologia cujo retorno ainda é incerto.

A venda reforça a estratégia do fundador Masayoshi Son de captar recursos para projetos que vão desde o data center Stargate até fábricas de robôs de IA nos EUA.

O grupo japonês busca se consolidar como um dos protagonistas do setor, em meio a uma corrida bilionária liderada por big techs como Meta e Alphabet, cujos gastos em IA devem superar US$ 1 trilhão nos próximos anos.

Durante teleconferência de resultados nesta terça-feira (11), o diretor financeiro Yoshimitsu Goto evitou comentar se o setor vive uma bolha.

“Não posso dizer se estamos em uma bolha de IA ou não. Vendemos a Nvidia para utilizar o capital em nosso financiamento”, afirmou. Segundo ele, a decisão não teve relação direta com a fabricante de chips americana.

O SoftBank já havia se desfeito de sua participação na Nvidia em 2019, três anos antes do lançamento do ChatGPT, que impulsionou uma valorização histórica das ações da empresa.

Não está claro quando o grupo recomprou os papéis, mas o último registro indicava uma fatia de cerca de US$ 3 bilhões no fim de março. Desde então, o valor de mercado da Nvidia aumentou em mais de US$ 2 trilhões.

Lucro recorde e valorização com a OpenAI

Essa valorização, somada aos ganhos com a OpenAI, impulsionou o resultado do SoftBank. A companhia registrou lucro líquido de ¥2,5 trilhões (US$ 16,2 bilhões) no segundo trimestre fiscal, superando com folga a estimativa média de analistas, de ¥418,2 bilhões. Segundo Goto, o valor da OpenAI subiu US$ 14,6 bilhões desde o investimento do grupo japonês.

De acordo com o analista Kirk Boodry, da Bloomberg Intelligence, o SoftBank deve registrar o maior lucro anual desde 2020. “A venda das ações da Nvidia por US$ 5,8 bilhões mostra a liquidez do grupo enquanto mantém o foco em seu programa de investimentos em IA”, disse.

As novas iniciativas de Son incluem o desenvolvimento do data center Stargate e a criação de um polo de manufatura de IA de US$ 1 trilhão no Arizona. O executivo tem se reunido com o presidente dos EUA, Donald Trump, e representantes da TSMC e de conglomerados sul-coreanos. O SoftBank chegou a considerar a compra da Marvell Technology no início deste ano.

Atualmente, o grupo mantém participações em companhias como OpenAI, ByteDance e Perplexity AI. Esses ativos ajudaram as ações do SoftBank a subirem 78% no terceiro trimestre, melhor desempenho desde 2005.

Estrutura de capital reforçada para novas aquisições

A empresa também anunciou um desdobramento de ações de 4 para 1, com vigência a partir de 1º de janeiro, medida que deve ampliar o acesso de investidores de varejo japoneses.

Para sustentar o ritmo de investimentos, o SoftBank vem reforçando sua estrutura de capital. O grupo aumentou de US$ 13,5 bilhões para US$ 20 bilhões o empréstimo com garantia de ações da Arm Holdings, mantendo US$ 11,5 bilhões disponíveis, além de ter obtido um empréstimo-ponte de US$ 8,5 bilhões para financiar o aporte na OpenAI e outro para a compra da Ampere Computing.

No total, o Vision Fund 2 investirá US$ 22,5 bilhões na OpenAI, eliminando restrições anteriores. O SoftBank também planeja adquirir a Ampere Computing por US$ 6,5 bilhões e a divisão de robótica da ABB por US$ 5,4 bilhões.

Em relatório publicado antes da divulgação dos resultados, a Finimize Research, na plataforma Smartkarma, afirmou que a valorização recente das ações confirma a tese de que comprar SoftBank era uma forma barata de obter exposição ao setor de IA. “Mas agora o desconto praticamente desapareceu, então pode ser um bom momento para vender e realizar lucros”, diz o texto.