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S&P: imobiliárias da China enfrentarão dificuldades em 2023 e 2024

Segundo a S&P, as margens de lucro em declínio e vendas fracas continuarão a afetar os ganhos das companhias

A agência de avaliação de risco Standard & Poor Global Ratings prevê que os anos de 2023 e 2024 serão de dificuldade para as imobiliárias chinesas, que já passam por uma séria crise financeira.

Segundo a S&P, as margens de lucro em declínio e vendas fracas continuarão a afetar os ganhos das companhias. A agência disse que a erosão da lucratividade das empresas está repercutindo novamente nos balanços preliminares de 2023. Muitas incorporadoras registraram prejuízo neste período, após terem perdas materiais em 2022 – a exemplo da Country Garden, disse a S&P.

“A fraqueza persistente dos balanços sem dúvida aumentará a alavancagem do setor”, comentou o analista de classificação de crédito da S&P Global Ratings Oscar Chung em relatório.

Em meio à queda nos preços de imóveis residenciais na China, a agência calcula que, com base nos resultados provisórios de 13 incorporadoras avaliadas pela S&P e 24 não avaliadas, a margem bruta média ponderada durante o primeiro semestre de 2023 caiu para 13%, de 15% no ano completo de 2022. Em 2022, as margens brutas das empresas da amostra foram em média de 25%.

A agência disse que o recuo nos preços provavelmente contribuiu para a redução no valor recuperável de estoques e das margens da Country Garden (que não tem seu qualidade de crédito avaliada pela S&P), de acordo com o relatório.

Com informações do Broadcast/Estadão.

BTG Pactual vê pessimismo exagerado em relação à China

Apesar do receio causado pela queda na construção civil na China, outros setores da economia chinesa altamente consumidores de metais continuam crescendo de maneira robusta.

O relatório “The Disconnect” da BTG Pactual (BPAC11) indica que as ações da Vale (VALE3) podem se beneficiar do momento. No relatório “The Disconnect,” os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner dizem que “está na moda” ter uma visão bear da China, mas a realidade dos números do mercado de commodities mostra uma outra história – e parece estar “desconectada” do pessimismo das manchetes.

Segundo os analistas, os mercados físicos de minério e metais “sugerem um ambiente mais normal e apertado do que a narrativa,” e o relatório quer mostrar “esse descompasso entre o noticiário e a realidade.” O BTG elenca uma série de fatores que apontam para um mercado mais aquecido.

O preço do minério de ferro, um dos melhores indicadores da saúde na atividade industrial chinesa, tem se mantido acima de US$ 110 a tonelada. “Quem poderia adivinhar que o minério de ferro permaneceria acima do custo marginal de produção – entre US$ 80 e US$ 100 por tonelada – em meio ao estouro deflacionário no importante mercado de imóveis na China?” indagam os analistas.

A China responde por mais de 70% das importações mundiais de minério de ferro, e seu setor imobiliário é responsável por um terço desse consumo. Os analistas do BTG dizem que mantiveram conversas com executivos da Vale e a mensagem passada por eles foi de que “as condições econômicas na China continuam normais” e “todo o book de encomendas está completo para os próximos trimestres”. Segundo Leonardo, “os estoques de aço não estão se formando,” o que sugere uma sustentação no preço do minério à frente.

Os estoques de minério nos portos e nas siderúrgicas chinesas estão nos níveis mais baixos em muitos anos. Para o BTG, os números do mercado chinês indicam que a queda nas ações da Vale não se justifica, e que os preços atuais representam um ponto de entrada atraente.

O banco tem recomendação de compra para a Vale, com preço-alvo de R$ 94 – um upside de 45% em relação ao preço de tela. Nesta segunda-feira (29), as ações da Vale tiveram um dia positivo, depois do anúncio pelo governo chinês de incentivos para o mercado imobiliário. As ações subiram quase 3% para R$ 65 – ainda distantes dos R$ 98 de janeiro, o pico deste ano. A construção de prédios residenciais pode estar em baixa, mas outros setores de engenharia permanecem aquecidos.

Segundo a Bloomberg, os investimentos em ferrovias subiram 25% nos primeiros sete meses do ano, as fábricas de máquinas tiveram alta de 15% e as montadoras avançaram 12%. No mesmo período, a construção de imóveis recuou 7%. “A China tem problemas e os desafios são bem conhecidos, mas tem muito pessimismo nos preços,” disse Leonardo. “Existe folga na atividade para sustentar as exportações brasileiras.”

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