Natura é a maior credora

Subsidiária da Avon pede recuperação judicial nos EUA

Com o processo de chapter 11, a Natura fará lances em leilão para continuar com as operações na Ásia, Europa e África

Avon
Foto: Divulgação

A Avon Products Inc. (API), subsidiária não operacional da Natura e holding da marca de beleza nos EUA entrou com um pedido de Chapter 11 no país norte-americano – similar à recuperação judicial no Brasil.

A Natura &Co (NTCO3) é a maior credora da empresa e vai emprestar US$ 43 milhões na modalidade DIP para garantir a continuidade dessa holding durante o processo.

Além disso, a empresa brasileira de cosméticos ainda vai fazer uma oferta de US$ 125 milhões para seguir com as operações da holding americana fora dos EUA, por meio de um processo de leilão supervisionado pela corte judicial.

Com o processo de chapter 11, a empresa coloca ativos à disposição para venda nesse leilão. Assim, a Natura fará lances para continuar com as operações na Ásia, Europa e África. Para essa oferta, a Natura &Co pretende usar alguns de seus créditos existentes contra a API como contraprestação.

A empresa não divulgou o total das dívidas da subsidiária, nem o quanto tem em créditos com a empresa.

Parceiros

Segundo a companhia, “o procedimento é restrito a API, holding não operacional da marca Avon, e outras subsidiárias não operacionais americanas. Não são esperados impactos nas operações da marca Avon fora dos EUA, que não fazem parte desse procedimento, incluindo as operações nos países da América Latina onde a marca Avon é distribuída pela Natura e a integração das duas marcas continua a apresentar resultados consistentes”.

Compra da Avon pela Natura (NTCO3)

A compra da Avon pela Natura, anunciada em maio de 2022, que avaliava os ativos à época em cerca de US$ 2 bilhões, era mais um passo importante ao processo de internacionalização do grupo brasileiro. A operação foi aprovada no ano seguinte.

No processo de aquisição, feito por troca de ações, os acionistas da Avon ficaram com 24% do negócio — o restante ficou nas mãos do grupo brasileiro. A API deixou de ser listada e passou a ser uma subsidiária integral da Natura&Co.

No entanto, desde a pandemia, as aquisições da Natura fora do país pesaram no endividamento da companhia. De lá para cá, o grupo vendeu dois importantes símbolos do processo de internacionalização da companhia — a marca de luxo Aesop, por US$ 2,6 bilhões para a francesa L’Oréal, e The Body Shop, por 207 milhões de libras, para a gestora Aurelius, por um quinto do 1 bilhão de libras pago pelo ativo.

O desafio estava na reestruturação da Avon Internacional, presente em 37 países na Europa, Ásia e África.