Mercado

Super Quarta: juros no Brasil geram mais consenso que nos EUA

Analistas falam em continuidade do ritmo de cortes no Brasil, mas divergem quanto ao cenário americano

O mercado aguarda com grandes expectativas a “Super Quarta”, quando serão apresentadas as taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA. Decisões das duas autarquias monetárias serão divulgadas nesta quarta-feira (20). 

Analistas ouvidos pelo BP Money falam em continuidade do ritmo de cortes no Brasil, mas divergem quanto ao cenário dos EUA no evento conhecido como “Super Quarta”.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) do Brasil, que ocorreu na terça (19), é esperado corte de 0,5 pontos porcentuais (p.p.).

“A comunicação dos membros do Copom tem sido enfática no sentido da manutenção do ritmo gradual de 0,50 p.p. Não acreditamos em aceleração das quedas para 75 pontos. A atividade está muito forte e o desemprego baixo, podendo pressionar a inflação mais à frente”. ponderou Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.

“O lado fiscal do governo ainda é incerto, não só na aprovação do déficit zero ano que vem – o mercado já não acredita nisso –, mas na aprovação pelo congresso das propostas do governo em aumentar a arrecadação”, completou.

A expectativa de manutenção de corte é reforçada também por Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos, que acrescentou que a decisão do comitê “se dará a despeito do IPCA de agosto ter apresentado resultado melhor no headline, além de dados que julgamos qualitativamente melhores, ao passo que serviços subjacentes nos surpreendeu para baixo.

Avaliamos que o saldo desta surpresa não é o suficientemente grande para aceleração do ritmo de cortes, que deve permanecer em 0,50% para as próximas reuniões.” 

Ainda em consenso, Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, destacou ainda o aumento da energia elétrica pressionando a inflação, além do aumento do preço dos combustíveis.

Para ele, a proposta do Copom não irá se alterar, também, em razão de um “boa comunicação” entre Planejamento e Fazenda, o que dá um sinal positivo para o Legislativo e o Senado continuarem a fazer as “devidas aprovações” que são necessárias.

Juros nos EUA ainda é dúvida

Ainda nesta quarta (20), o Comitê de Política Monetária (Fomc) do Federal Reserve (Fed) divulgará sua taxa de juros e a decisão ainda não está totalmente prevista. Atualmente, a taxa de juros no país está na faixa de 5,25% a 5,5%.

“Essa incerteza da elevação ou da estabilidade já não é tão clara (quanto ao Brasil). Há uma parcela do mercado que acredita em estabilidade e outra parte que acredita na elevação de 0,25 p.p. Eu acredito nessa subida de 0,25 p.p. Na minha avaliação, o próprio colegiado do Fed já comentou que poderiam subir os juros. Os dados apresentados na ADP e no payroll vieram muito mistos”, declarou Richetti.

Já Sousa prevê a manutenção do intervalo atual de 5,25% a 5,50%, nesta e nas próximas reuniões do ano.

“O resultado da inflação americana da última semana registrou uma dissonância entre headline e núcleo, que por sua vez, se deu por alguns itens pouco sensíveis à política monetária atualmente restritiva promovida pelo Fed, como os combustíveis.

Assim, apesar da elevação no índice cheio, o resultado demonstrou que a política contracionista do Fomc segue fazendo o efeito esperado”, disse.

Cautela é o que Saadia também projeta. De acordo com ele, a decisão do Fed será aguardar para digerir novos dados e uma eventual decisão de alta no mês de novembro.

Uma nova declaração de política monetária e a decisão sobre os juros serão divulgados às 15h (horário de Brasília), com coletiva de imprensa de Jerome Powell, às 15h30.

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