Super Quarta: juros no Brasil e EUA devem mudar pouco

Analistas ouvidos pelo BP Money acreditam que o cenário deve mudar pouco ou quase nada do que ele é hoje nos dois países

A expectativa para a chamada “Super Quarta” não está entre as melhores. O evento que acontece nesta quarta (22) é marcado pela decisão que vai definir as taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA. Aqui, o cálculo é determinado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e no país norte-americano por meio do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (FED). 

Analistas ouvidos pelo BP Money acreditam que o cenário deve mudar pouco ou quase nada do que ele é hoje nos dois países. No Brasil, segundo os especialistas, o mercado aposta na manutenção dos atuais 13,75%. 

O principal motivo seria pela especulação em torno do tão aguardado arcabouço fiscal. Havia uma expectativa de que o projeto, que vai substituir o teto de gastos, fosse apresentado antes da reunião desta quarta, mas a esperança foi por água abaixo na terça (21), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que só apresentaria a proposta após o seu retorno da viagem à China, que terá início no próximo sábado (25). 

“O Copom vai falar um pouco sobre a deterioração do cenário de curto prazo, que estará vigilante com as questões da inflação e com a ancoragem da meta, e obviamente um fará comunicado em linha com o que o mercado espera. Não vai ter muita mudança no comunicado do Copom. Seria diferente se tivesse um novo arcabouço fiscal já em linha e em um cenário que não tivesse piorado como piorou na última semana”, avalia o sócio fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa.

Para o economista e sócio da Nosmo, Beto Saadia, os juros só devem mesmo dar uma trégua em setembro, com a possibilidade de encerrar o ano em 12,25%. Outros pontos que Saadia destacou foram a meta da inflação e a atuação do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento).

“As expectativas de inflação ainda estão bem acima da meta e a discussão sobre subir a meta para 4%, ainda que tenha esfriado, deve voltar no meio do ano. Outro ponto de atenção é o ceticismo do mercado com a atuação do BNDES subsidiando taxas de juros para setores selecionados, o que reduz a eficácia da política monetária”, pontuou. 

Crise deve mudar pouco o cenário nos EUA

Morna. Assim pode ser definida a expectativa do mercado norte-americano em relação ao anúncio da taxa de juros no país nesta quarta. O que diminuiu a empolgação foram justamente as quebras no SVB (Silicon Valley Bank) e Signature Bank, e a crise no FRB (First Republic Bank), além da venda do Credit Suisse para o UBS. 

Ainda assim, o diretor de investimentos da Nomad, Celso Pereira, acredita que a taxa de juros pode ter um acréscimo tímido. “A expectativa de mercado é que nos EUA o teto da meta de juros suba 0,25% dos atuais 4,75% para 5%”, aposta. 

Pereira ainda disse que diante do cenário de crise no sistema bancário mundial, economistas e formadores de política monetária nos EUA passaram a questionar se está na hora de pausar ou mesmo reverter a subida de juros no país.

“O FOMC não dá indícios de compartilhar essa visão. A autoridade aponta o aquecimento da economia dos EUA, a taxa de desemprego em mínima histórica de 3,6% e a geração de 311 mil novos empregos em fevereiro. Adicionalmente, a reabertura chinesa pós-covid pode contribuir para sustentação da inflação nos EUA com o aumento da demanda por matérias primas”, pontuou. 

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