T. Rowe e BlackRock buscam pechinchas na bolsa 

A lei brasileira exige que as empresas divulguem informações sobre qualquer acionista que atingir uma participação de 5% ou mais  

 Entre as gestoras de ativos globais que aumentaram sua exposição a ações brasileiras após um ano sombrio para o mercado local estão a  BlackRock e a T. Rowe Price, com uma baixa que empurrou os múltiplos do Brasil ao menor nível em mais dez anos. 

Em dezembro, a BlackRock aumentou posições no banco digital Banco Inter (BIDI11) e no grupo varejista Assaí (ASAI3), enquanto a T. Rowe adquiriu ações do Magazine Luiza (MGLU3). As transações foram vistas em análise de mais de 40 documentos regulatórios. 

As empresas de investimento globais se uniram a outros investidores estrangeiros que buscaram pechinchas no Brasil depois que o índice Ibovespa registrou, no ano passado, sua primeira queda anual desde 2015, sendo segunda pior performance ao redor do mundo. 

O mercado brasileiro chegou a negociar a 7,4 vezes o lucro estimado, esse foi menor nível desde 2009, segundo a Bloomberg. Em janeiro, investidores estrangeiros representaram R$ 32,5 bilhões em ações na B3, a segunda maior entrada líquida mensal desde 2008. 

“Temos adicionado seletivamente ações brasileiras desde o final do ano passado”, afirmou Ed Kuczma, investidor que tem mais de US$ 1 bilhão em ações latino-americanas sob gestão na BlackRock. 

‘’As ações brasileiras são ‘under-owned’ pelos investidores globais, em minha visão, e os múltiplos atuais refletem muito da incerteza”, completou Kuczma. 

As ações brasileiras sofreram algumas penalizações no ano passado por causa da expectativa de um crescimento mais fraco, impulsionadas pelas taxas de juros mais altas e a antecipação do debate eleitoral, além da pressão vendedora de investidores institucionais domésticos, que se viram forçados a se desfazer de ativos à medida que eram impactados com resgates. 

O Ibovespa subiu 7% em janeiro, sendo o melhor mês em mais de um ano. 

“Há muito valor no Brasil”, contou a gestora da T. Rowe Price em Londres, Verena Wachnitz, durante uma entrevista. “É difícil saber onde é o fundo, mas muito das notícias negativas está no preço”, confessou sem comentar investimentos específicos. 

Já o chefe de renda variável para a América Latina na Schroders em Londres, Pablo Riveroll, também elevou sua exposição ao país no início de 2022. “Os valuations ficaram bastante extremos”, disse. 

“Em um ambiente inflacionário, as commodities estão bem protegidas e gostamos de petróleo, minério de ferro, aço e alumínio”, afirmou Riveroll. Ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3;PETR4) acumulam alta próxima de 9% e 14%, respectivamente, desde o início do ano.

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