Taesa (TAEE11): dividendos vão valer a pena em 2023?

Companhia foi a principal pagadora de proventos em 2022, atrás da Petrobras, segundo o Economatica

O setor de energia é um dos mais queridos dos investidores que visam o longo prazo, com foco em dividendos. Devido aos longos contratos de concessão firmados por essas empresas, elas acabam trazendo ao investidor mais previsibilidade de receita. A Taesa (TAEE11), em 2022, foi a segunda empresa com maior retorno em proventos, segundo dados do TC/Economatica. Para 2023, a companhia deve seguir com bons retornos, porém especialistas apontam “apostas” melhores no setor.

De acordo com Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, a Taesa deve ter uma melhora marginal em seus resultados em 2023, mas sem grandes surpresas para o mercado. 

“A companhia tem um histórico operacional muito confiável, e essa previsibilidade de receita vai permitir a ela ser uma das maiores pagadoras de dividendos em 2023 em termos de yield, acima de 10%”, disse Hungria.

O segmento de transmissão possui receitas estáveis, indexadas pela inflação, e por isso atrai muitos investidores conservadores e moderados. No caso da Taesa, o mercado, apesar de otimista com os dividendos, enxerga algumas dificuldades futuras para a empresa.

“O problema, em nossa visão, é que concessões com receitas relevantes começarão a se encerrar em 2030 e isso tem feito a Taesa ser bastante agressiva nos leilões de transmissão recentes, vencendo lotes com retornos reais algumas vezes até abaixo de títulos do governo indexados à inflação. Isso, inclusive, deve começar a comprometer os retornos e os dividendos nos próximos anos”, completou Hungria. 

De acordo com informações de um estudo feito pelo TC/Economatica, a Taesa foi a empresa com maior Dividend Yield (DY) nos últimos 12 meses (16,4%), atrás apenas da Petrobras. O DY é o rendimento do dividendo pago por uma empresa em relação ao preço das ações. 

Os especialistas consultados pelo BP Money destacaram que transmissoras como a Taesa oferecem proteção contra a inflação, já que parte da receita dessas empresas é a RAP (Receita Anual Permitida) – remuneração que as transmissoras recebem pela prestação do serviço público de transmissão aos usuários – corrigida por índices inflacionários. 

Para Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research, a Taesa é uma empresa com boa gestão e histórico no seu segmento de atuação. 

“A Taesa pertence a um setor muito defensivo, com contratos definidos e reajustados pela inflação, além de estar agregando ao resultado/geração de caixa com a entrada em operação de novos ativos”, afirmou Tiglia. 

Os novos ativos citados por Tiglia são os três novos projetos do portfólio de Linhas de Transmissão da companhia: Janaúba, Sant’Ana, ESTE, Aimorés, Avai e Paraguaçu. 

O analista da Nord explicou que do ponto de vista de dividendos, deve haver uma retração em relação ao passado, visto que existe uma diminuição do “payout” (percentual de distribuição de proventos) para um maior controle do endividamento. 

Segundo Luan Alves, analista chefe da VG Research, a expectativa de dividendos para a Taesa em 2023 está em torno de 9%. 

“A companhia ainda reportará resultados consistentes, existem ativos sendo consolidados, o que beneficiará o resultado operacional. Do lado negativo, o alto endividamento está prejudicando o lucro líquido regulatório. Esperamos uma distribuição de proventos em linha com o histórico, um DY de 9%”, disse Alves. 

“Existe uma queda em relação a 2022 devido a baixa do IGPM e piora no quadro financeiro”, destacou Alves. 

O IGP-M é utilizado para o reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços, o que influencia diretamente o lado operacional das empresas do setor de energia. 

Em relatório, a XP destacou, no ano passado, a entrada de novas linhas e a desalavancagem em andamento da Taesa. Para Maíra Maldonado e Herbert Suede, analistas responsáveis pelo relatório da XP, o resultado da Taesa no terceiro trimestre de 2022 (último balanço divulgado pela empresa), tiveram uma melhora significativa em relação ao ano anterior, devido ao reajuste inflacionário. 

“Temos uma avaliação neutra do resultado da Taesa no 3T22, que ficou em linha com nossas expectativas. A melhora na comparação anual pode ser explicada pelo reajuste inflacionário do ciclo tarifário 2022/2023 (10,7% IGP-M e 11,7% IPCA)”, informou a XP. 

Quais são as favoritas no setor de energia? 

O analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, deu alternativas, no setor de energia, para quem não quer investir na ação da Taesa.

Segundo o especialista, a Alupar, apesar de distribuir dividendos menores no curto prazo, possui um portfólio com concessões de maior duração e deve começar a distribuir mais dividendos nos próximos anos. 

“Boa parte dos investimentos em novos ativos de transmissão já foi concluída. Além disso, entendemos que a Alupar possui uma melhor disciplina na alocação de capital – ou seja, adquire concessões somente quando os retornos são satisfatórios –, o que também significa maior sustentabilidade dos dividendos no futuro”, explicou Hungria. 

Para Felipe Pontes, COO (diretor operacional) da Economatica e especialista em renda variável, entre as empresas de Energia, a Taesa só perde para Copel e AES Brasil. 

“Espera-se que o lucro da Taesa cresça mais do que a mediana do setor neste ano. O crescimento do fluxo de caixa operacional tem sido maior do que a mediana do setor, idem também para os dividendos”, disse Pontes.

“Entre as empresas de Energia, ela só perde para Copel e AES Brasil, em potencial de pagamento de dividendos”, complementou Pontes. 

Na semana passada, o Bank of America elevou a recomendação para os papéis da Taesa de underperform para compra. O preço-alvo colocado pelo BofA para Taesa é de R$ 39. 

Segundo o relatório do Bank of America, a Taesa está menos exposta a riscos regulatórios, à volatilidade macro e oferece bons retornos ajustados ao risco.

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