Às vésperas das eleições presidenciais de 2018, a Taurus Armas (TASA4) subiu fortemente na bolsa de valores de São Paulo, encerrando o ano com uma alta de mais de 150%, em meios às promessas do até então candidato Jair Bolsonaro – que prometia a concessão de posse de arma de fogo para cidadãos de bem. Nos primeiros 10 dias de mandato de Bolsonaro, em 2019, as ações da Taurus subiram 89% e, de acordo com especialistas consultados pelo BP Money, o movimento de alta da empresa pode acontecer de novo, mesmo com uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – líder nas pesquisas para as eleições de 2022.
Segundo Leonardo Piovesan, analista CNPI da Quantzed, o que pode acontecer no Brasil é um um movimento parecido com o que houve nos EUA, quando o presidente Joe Biden foi eleito.
“Historicamente, nos EUA, quando tem uma eleição de um governo democrata, as vendas de armas aceleram, por conta do risco de terem medidas para reduzir essas vendas. No Brasil, no primeiro momento, a gente pode ver algo do tipo. As vendas acelerando, por medo de, lá na frente, ter uma restrição maior”, disse Piovesan.
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“Estamos vendo um crescimento de venda de armas no Brasil esse ano, possivelmente por esse efeito do Lula ganhando força nas eleições. Em caso de vitória do Lula, no primeiro momento, pode ser que haja uma aceleração no número de vendas, por medo de ter uma restrição na venda de armas em geral ou nos calibres”, complementou o analista da Quantzed.
Para Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.Me, olhando mais adiante, um eventual governo Lula poderia, de certa forma, impactar o cliente da Taurus quanto a posse e porte de arma, porém o analista reitera que o Brasil é responsável por somente 20% do total da receita da companhia.
“O impacto seria moderado, caso o governo fosse restringir o acesso às armas para pessoa física e ainda temos a parte referente a venda para polícia civil e militar, o qual deveria ter impacto”, disse Gentile.
De acordo com Gentile, a Taurus, hoje, é uma empresa muito mais diversificada e não depende só do que acontece em território brasileiro para crescer.
“Ela está desenvolvendo diversas iniciativas e avenidas para aumentar sua receita em outros mercados, como uma joint venture na Índia para acessar o mercado asiático”, disse Gentile.
Mercado americano é o foco da Taurus
Apesar de concentrar sua principal fábrica em território brasileiro, a Taurus tem buscado, cada vez mais, entrar em outros mercados. Além disso, o foco da empresa, atualmente, é os EUA, segundo analistas.
Para Leonardo Piovesan, da Quantzed, por mais que o Brasil tenha ganhado relevância no consolidado da empresa, o mercado americano continua sendo o foco da companhia
“Boa parte da receita continua sendo dos EUA. A parte de vendas de armas tem como mercado principal os EUA. A taurus também tem uma planta por lá, então ela poderia produzir mais em território norte-americano, caso tivesse alguma restrição na planta que existe aqui no Brasil. Isso serve como defesa para a empresa. Em breve, a companhia também vai ter a produção na planta da Índia, que serve de hedge para compensar uma possível perda de produção no Brasil”, explicou Piovesan.
O assessor de investimentos Paulo Luives, da Valor Investimentos, também reforçou a ideia de que a empresa não se limita ao Brasil.
“Lula disse que se eleito faria um estatuto do desarmamento como o realizado no seu primeiro mandato. Isso pode vir com regras mais receptivas para compra e porte de armas no País, bem como penas mais duras para porte ilegal e aporte de armas não registradas. Isso pode afetar a Taurus, mas obviamente a companhia não precisa se limitar ao Brasil em termos de mercado consumidor”, disse Luives.
“A Taurus também tem a possibilidade de atuar em outros mercados, mas obviamente essa política que facilitou nos últimos anos a compra de armas beneficiou a Taurus, então o retrocesso em relação a essas leis pode afetar negativamente”, concluiu o analista da Valor Investimentos.
