O mercado de títulos públicos reduziu o ritmo após uma semana de altas históricas. A desaceleração aconteceu após o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmar sua permanência à frente da pasta, contrário aos rumores desta sexta-feira (22). Mas como o ‘fico’ só foi anunciado no final da tarde, tarde demais para os papéis que passaram por grande volatilidade durante todo o dia, chegando a ter as negociações interrompidas três vezes pela Secretaria do Tesouro Nacional.
As especulações sobre a saída do ministro aconteceu logo após a debandada de parte da sua equipe na ultima quinta-feira (21). Em coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Guedes negou que havia pedido demissão do cargo. Na oportunidade, anunciou o nome de Esteves Colnago para o cargo de secretário especial do Tesouro e Orçamento, em substituição a Bruno Funchal. Os investidores ainda amargavam a montanha-russa política, após as aprovações na comissão especial da Câmara dos Deputados, que decidiu adiantar o pagamento dos precatórios e alterar a regra de correção do teto de gastos.
Entre uma interrupção e outra, os papéis retornavam com taxas cada vez maiores, até encerrarem em baixa, comparado ao fechamento de quinta-feira (21) – exceto o Tesouro Prefixado com vencimento em 2024, o único que fechou o dia em alta de 0,13 ponto percentual, em 11,49%, ante os 11,36% de quinta.
Ainda entre os prefixados (com taxas de juros fixadas no momento da compra), o papel que mais cresceu na última semana foi o que mais apresentou queda hoje. Com vencimento em 2031, o ativo começou a semana com taxa de 11,08% ao ano e manteve a alta, chegando até os 12,10%. Por volta das 14h de hoje, período de estresse para o mercado, o ativo chegou a ser negociado acima dos 12,70%. Mas o valor registrado no seu fechamento, após a coletiva do ministro, foi de 11,99% de retorno ao ano.
Todos os seis papéis atrelados à inflação fecharam o dia em baixa. Os de longo prazo, com vencimentos em 2035 e 2045, fecharam o dia com taxa de 5,46% ao ano, um recuo de 0,16 ponto percentual. Quem menos caiu, entre os títulos do IPCA+, foram os papéis com vencimento em 2026, que fecharam o dia com taxa em 5,14%, ante os 5,25% da sessão desta quinta.
Vale lembrar que tanto nos papéis prefixados como naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento —, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.