TC (TRAD3) x Empiricus: relembre os episódios de conflito entre as empresas

TC acusou Felipe Miranda (da Empiricus), na última terça-feira (26), de estar envolvido em vídeo anônimo contra a empresa

O TC (TRAD3), ex-TradersClub, que se classifica como “a maior comunidade de investidores na América Latina”, tem travado uma briga nos bastidores com a Empiricus – de Felipe Miranda – desde meados de outubro do ano passado. 

A empresa abriu capital na bolsa de valores de São Paulo (B3) há um ano. O TC viu os seus papéis subirem 35,26% na sua estreia, no dia 28 de julho de 2021, com as ações alcançando o patamar de R$ 12,85. Pouco depois de sua estreia, entretanto, a companhia começou a sofrer na bolsa. No acumulado dos últimos 12 meses, as ações do TC tiveram queda de 65% e, atualmente, estão cotadas a R$ 4,34. 

Um dos motivos que impulsionou essa queda foi a indicação de short (estratégia que consiste na venda de uma ação que você não possui em carteira) da Empiricus para os seus clientes em relação aos papéis do TC. Ou seja, a casa de análise apostou na queda da ação. 

Em um relatório destinado aos seus clientes, divulgado no dia 26 de outubro de 2021, a Empiricus listou “10 motivos para shortear TRAD3”. Entre os motivos para tal indicação, a casa de análises destacou fatores como valuation exagerado, pouca diversificação de receita e falta de inovação no negócio.

Em entrevista a um podcast que foi ao ar no YouTube, há cerca de um mês, Felipe Miranda voltou a citar o “valuation exagerado” do TC.

“Eu acho que a ação é muito cara perante o que estão entregando. A empresa tem caído nos resultados. Caiu 10% a receita, o custo aumentou, tem Ebitda negativo, tem uma margem líquida negativa de 50%, então eu acho a ação extremamente cara. E não é difícil, é bem fácil de ver. É uma aberração o preço da ação”, disse Miranda em entrevista. 

“A Modal fez uma receita trimestral de R$ 222 milhões. Vale na bolsa R$ 1,9 bilhão. Traders Club fez uma receita de R$ 25 milhões, quase um décimo do Modal. Vale na bolsa R$ 1,9 bilhão. Ou seja, ela vale o mesmo que o Modal e o Modal fatura 10 vezes mais. Então é muito caro. Está absolutamente fora de qualquer realidade. Então por isso não acho que deva se comprar essas ações”, complementou. 

A Empiricus também citou, em 2021, que o TC seria uma ‘fake tech’, ou seja, só se passaria por uma companhia de tecnologia. No pregão que sucedeu a publicação do relatório da Empiricus sobre a indicação de short para as ações da plataforma para investidores, os papéis caíram 10,17%.

O relatório com recomendação de short para as ações do TC fizeram a plataforma de investimentos entrar com uma tutela cautelar na Justiça contra a Empiricus. 

A Empiricus também já atacou o TC em relação a governança da empresa. Segundo a casa de análises, Rafael Ferri e Pedro Albuquerque (diretores da empresa) poderiam ferir leis regulatórias por terem atuado no mercado financeiro como trader profissional e gestor de fundos, respectivamente. 

Vídeo anônimo contra o TC e resposta da plataforma à Empiricus 

Há cerca de um mês, começou a circular nas redes sociais um vídeo com questionamentos e alegações sobre o TC. No vídeo, uma mulher com maquiagem de palhaço pede explicações do TC sobre uma série de práticas ilegais. A empresa, segundo o vídeo, teria realizado manipulação de resultados, spoofing (manipulação de preço de ativos) e front running (uso de informação interna sigilosa para obter lucros).   

Além disso, o vídeo também citou (sem provas) possíveis assédios e até estupro coletivo na empresa. No dia 8 de julho, o TC notificou judicialmente a Empiricus, que pertence a BTG Pactual (BPAC11), pela suposta divulgação do vídeo acusatório acerca da companhia. O BP Money teve acesso aos autos que mostram que o TC exige que a Empiricus retire da internet, em até 48 horas, o vídeo. 

“O TC confirma que adotou medidas nas áreas cível e criminal em resposta ao vídeo que circulou na última semana, em que uma atriz vestida de palhaçada acusava a Companhia de diversos crimes. O TC reitera sua mais absoluta seriedade e idoneidade e, diante disso, acionou as autoridades responsáveis para que os autores do vídeo sejam identificados e penalizados e essa campanha de desinformação, difamação e manipulação de mercado de que tem sido vítima seja interrompida”, informou o TC em nota.

Na última terça-feira (26), o TC realizou uma coletiva de imprensa para falar sobre o caso. O CEO do TC, Pedro Albuquerque, acusou Felipe Miranda, CEO da casa de research, de realizar o “maior caso de manipulação do mercado financeiro”. 

“Isso não é uma briga de empresas. Estou fazendo isso para interromper uma acusação gravíssima, o que talvez seja o maior caso de manipulação do mercado de capitais do Brasil”, disse Albuquerque.

O CEO do TC reiterou que o vídeo seria mais uma tentativa da Empiricus de fazer as ações da concorrente caírem na bolsa de valores. 

“Começamos a receber de ex-funcionários, funcionários e até sócios do TC mensagem de que o Felipe Miranda, principal sócio da Empiricus, os abordou para mencionar justamente as acusações do vídeo. Não parando por aí, abordou investidores instituicionais que eram acionistas do TC para provocar um pânico e fazer com que nossas ações caíssem”, destacou o executivo.