Tenho ações da Light (LIGT3), o que fazer?

Papéis da companhia caíram forte, após possibilidade de pedido de recuperação judicial

As ações da Light (LIGT3) caíram mais de 15% nesta terça-feira (7), na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), após uma notícia do jornal “O Globo” sobre a possibilidade de um pedido de recuperação judicial “em breve” pela empresa. Para entender qual a melhor decisão para se tomar em relação aos papéis da empresa, o BP Money conversou com especialistas – que destacaram que existem opções muito mais “saudáveis” no setor. 

O gerente da casa de análises do TC, Leony Alexandre, destacou que a situação da Light é bem complexa, e não é de agora. Por isso, para quem tem o papel, o melhor é vender e, se quiser ficar exposto ao setor, entrar em Copel ou Cemig.

“A recomendação é, quem tem hoje, faça o desinvestimento. Se quer ficar exposto no setor, vai pra Copel e Cemig, que tem um valuation um pouco mais caro, mas perspectivas e fundamentos melhores do que a Light”, disse Alexandre.

O especialista do TC afirmou que a Light tem passado por problemas operacionais há pelo menos 15 anos. 

“A Light teve pelo menos dois controladores diferentes, vários times capacitados e técnicos na parte operacional e mesmo assim não conseguiu solucionar o problema – que é estrutural: o famoso “gato”, furto de energia, é muito acima de 40% e isso inviabiliza a geração de caixa e, consequentemente, a sustentabilidade do negócio”, disse Alexandre. 

A Light é responsável por mais de 60% do abastecimento de energia da população do Rio de Janeiro. O problema é que a empresa não consegue fugir dos prejuízos anuais milionários relacionados aos furtos de energia.

“Se a gente pegar os pares e comparar algo parecido com Light, que seria a Cemig e Copel, as duas geram caixa, então elas conseguem desalavancar, pagar suas dívidas e fazer seu capex. Já a Light não consegue gerar caixa, então consequentemente a gente não vê capacidade de pagamento de dívida e de tempos em tempos isso estoura, e aí a gente precisa de aumento de capital”, explicou Alexandre.

O assessor de investimentos da Valor, Paulo Luives, afirmou que o “desinvestimento” na Light não é uma decisão tão óbvia para o investidor, já que depende muito do grau de exposição que o investidor tem no papel, além do viés de compra do ativo. 

“Dentro do setor acho que existe uma série de empresas com uma condição de endividamento mais saudável, empresas que hoje entregam dividend yield maior, tem um payout mais elevado e, em razão até do preço dos ativos, hoje você tem dentro do setor elétrico taxas internas de retorno desses papéis acima de 10% ao ano, então hoje você tem boas alternativas dentro do setor elétrico com muito menos complexidades”, disse Luives, 

Para Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, o investidor deve ter muita cautela em situações como a da Light. 

“A empresa possui uma dívida na casa dos R$ 3,3 bilhões e a expectativa é que a Light entre com o pedido de recuperação judicial. É mais um caso em que o investidor deve revisitar sua tese de investimentos e analisar suas premissas para o ativo. Em geral, um pedido de recuperação judicial leva tempo, o que pode manter as ações da empresa em um baixo patamar ao longo de todo o processo. Nesse caso, o investidor também deve analisar o custo de oportunidade e reavaliar se é válido manter o ativo ao invés de trocar por uma eventual outra oportunidade”, disse Nicola.

Leony Alexandre, do TC, reiterou que em relação a estrutura de capital, Copel e Cemig já são bem desalavancadas, e em termos de crescimento tanto Copel quanto a Cemig cresceram perto de 30% ao ano, nos últimos dois anos, enquanto a Light cresceu 14%. 

Queda das ações e possível recuperação judicial da Light

As ações da Light começaram a cair, na semana passada, após o anúncio sobre a contratação da Laplace Finanças, uma assessoria que ajudou a Oi (OIBR3) durante o processo de recuperação judicial. 

Especialistas consultados pelo BP Money afirmaram que a queda – de mais de 10% em somente um dia na semana do dia 30 de janeiro – estava relacionada a um movimento de aversão ao risco dos investidores. A queda desta terça-feira (7), entretanto, está ligada a notícia do jornal “O Globo”, que diz que a Light deve entrar com um pedido de recuperação judicial nos “próximos dias”. 

Em nota à “Agência Estado”, na última segunda-feira (6), a Light negou a possibilidade de entrar com pedido de recuperação judicial nos próximos dias.