Em setembro de 2024, o Tesouro Direto registrou um desempenho marcado por uma oscilação nas taxas dos títulos, com uma tendência de alta na segunda metade do mês. Esse movimento foi impulsionado por diversos fatores, incluindo o início de um novo ciclo de alta na Selic, riscos fiscais e pressões inflacionárias.
As especialistas ouvidas pelo BP Money, Andressa Bergamo, fundadora da AVG Capital, e Mariana Conegero, sócia da The Hill Capital, analisaram o cenário e projetaram o que esperar para o mês de outubro.
Desempenho do Tesouro Direto em setembro
De acordo com Andressa Bergamo, o aumento nas taxas dos títulos prefixados e atrelados à inflação, como o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+, refletiu a elevação das expectativas de juros futuros. Esse aumento foi impulsionado pela postura mais rigorosa do Banco Central, que respondeu ao aumento persistente da inflação e aos crescentes riscos fiscais.
Entre os principais fatores que contribuíram para esse cenário, Andressa destaca o início da elevação da Selic, com o Banco Central tentando controlar a inflação acima da meta. Além disso, os riscos fiscais, como o aumento dos gastos governamentais e a falta de controle sobre as contas públicas, geraram incertezas no mercado, pressionando os prêmios de risco dos títulos.
Mariana Conegero acrescenta que, em setembro, o aumento das preocupações fiscais e a possibilidade de novas altas na Selic aumentaram a pressão sobre os juros futuros, o que impactou negativamente os preços dos títulos já em circulação.
A inflação, especialmente em setores como alimentos e energia, continuou sendo um fator preocupante, intensificando as expectativas de juros mais altos.
Expectativas para outubro
Para outubro, a projeção é que as taxas dos títulos continuem subindo, especialmente se o Banco Central mantiver a postura de elevação da Selic, que pode chegar a 11,50% ao ano até o final de 2024.
Segundo Mariana, essa tendência deve manter as taxas dos títulos prefixados pressionadas. Já Andressa vê oportunidades para investidores, particularmente nos títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, que oferecem proteção contra a alta dos preços no longo prazo.
Os títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, também aparecem como uma opção atraente, dado que acompanham diretamente o aumento da taxa básica de juros. Para investidores que desejam garantir uma rentabilidade no curto e médio prazo, esse título é visto como uma escolha segura e com baixa volatilidade.
Oportunidades e riscos do Tesouro Direto
No contexto atual, com a Selic em ciclo de alta, Andressa sugere que os títulos prefixados e atrelados à inflação podem apresentar taxas mais elevadas em outubro, oferecendo oportunidades para investidores que buscam travar rentabilidades no longo prazo.
No entanto, Mariana alerta que os títulos prefixados podem continuar enfrentando volatilidade, principalmente se o ciclo de alta da Selic não tiver chegado ao fim.
Além dos títulos do Tesouro, ofertas públicas como CRA (Certificados de Recebíveis do agronegócio), CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e debêntures incentivadas também podem apresentar taxas mais atrativas no ambiente de alta da Selic, oferecendo benefícios fiscais adicionais.
Com isso, o mês de outubro será marcado por expectativas quanto às próximas decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) e pelos dados econômicos que podem definir o rumo das taxas do Tesouro Direto.
Investidores devem ficar atentos às oportunidades e riscos apresentados por cada tipo de título, considerando o cenário de juros em alta e as pressões inflacionárias que continuam a impactar o mercado.