Conflito levado à Justiça

Tok&Stok: fundadores alegam golpe em acordo de fusão com Mobly

A família Drubule acusa a SPX de abuso de poder societário e de "manobra canhestra” no pedido de recuperação extrajudicial da empresa

Tok&Stok
Foto: Divulgação

A família Drubule, fundadora da Tok&Stok, entrou na Justiça contra a empresa controladora da companhia, SPX Carlyle, alegando golpe na condução do acordo de fusão com a Mobly.

Os Dubrule definiram a venda como um “golpe engendrado pela SPX” e apontam “clandestinidade da manobra societária”.

A família também questiona o pedido de recuperação extrajudicial da empresa colocado como condição precedente para a fusão, qualificando-o como “manobra canhestra” da SPX.

Os controladores apontam um suposto conflito de interesse entre bancos credores que aderiram ao processo de recuperação e, ao mesmo tempo, estão atuando como assessores financeiros da Tok&Stok na operação de fusão. Segundo a liminar, os bancos receberam um fee de R$ 20 milhões pela transação, pagos pela SPX.

As instituições financeiras em questão são o Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11), de acordo com informações da Exame INSIGHT. Ambos os bancos foram contratados há mais de um ano para buscar alternativas para a Tok&Stok em meio a seu estresse financeiro.

Entenda o conflito societário da Tok&Stok

A destituição de Ghislaine Dublore do cargo de CEO na Tok&Stok em julho pela SPX fez o conflito velado quanto ao futuro da companhia estourar.

Em 31 de julho, a família fundadora propôs retomar o controle da empresa, por meio de uma capitalização de R$ 210 milhões na companhia, das quais R$ 110 milhões por conversão de dívidas e R$ 100 milhões de dinheiro novo – uma alternativa à potencial transação com a Mobly.

A capitalização foi aprovada por dois dos três conselheiros do colegiado – e poderia, na visão dos Dubrule, ser realizada a partir de então. A ata foi registrada na Junta Comercial.

A SPX chamou uma assembleia no dia 5 de agosto para destituir Roberto Szachnowicz, uma dos conselheiros que aprovou a proposta de captialização dos Dublure. Em seu lugar, colocou Pedro Guizzo.

No dia 9 de agosto, em reunião convocada pelo terceiro sócio da SPX, um dia depois do anúncio da fusão de Tok&Stok com Mobly, a capitalização aprovada no dia 31 foi revogada, com voto do novo conselheiro.

Fontes próximas à SPX disseram à Exame INSIGHT que a reunião do dia 31 não teve validade, já que a prerrogativa de convocação era do chairman, que não estava presente e o fez para data mais à frente. Tampouco houve presença de executivos da Tok&Stok, a esta altura já com um CEO de fora da família.

Recuperação extrajudicial é questionada

No pedido de liminar para indeferimento do processo, os advogados da família alegam que o pedido de recuperação foi feito à Justiça sem aprovação de assembleia de acionistas, o que, de acordo com a Lei das S.A.s e o estatuto da companhia, só pode ser feito em casos de urgência – isto é, em que haja perigo iminente à saúde financeira da empresa.

Não era o caso da Tok&Stok, que não tinha vencimentos previstos até o próximo ano, argumentam.

A ‘pressa’ no caso, alega a família, ocorreu como uma forma de fazer com que ela não pudesse exercer a cláusula de vencimento antecipado de uma dívida de R$ 110 milhões que detém contra a companhia.

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