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Trígono Capital entra em grandes empresas com novo fundo

O Trígono Parthenon FIC FIA investirá em empresas com market cap acima de R$ 10 bi, em mais um passo para a diversificação de portfólio da gestora que tem R$ 3,2 bi

A gestora independente Trígono Capital, que administra aproximadamente R$ 3,2 bilhões, reconhecida por sua expertise em small caps, está diversificando seu portfólio ao lançar um fundo de ações dedicado a grandes empresas (large caps), com capitalização de mercado superior a R$ 10 bilhões.

O Trígono Parthenon FIC FIA é um fundo Long Only, sob a administração de Werner Roger, gestor dos principais fundos de small caps da empresa. Ele contará com a colaboração da equipe de analistas de renda variável já existente na gestora, a qual já gerencia fundos de previdência voltados para ações em geral.

Essa estratégia não é novidade para Roger, que acumula mais de 25 anos de experiência como gestor. Ele já dedicou grande parte desse período à análise de grandes empresas, sendo esse um foco significativo durante sua atuação como gestor para grandes fundações estrangeiras.

“A forma de analisar uma empresa de capital aberto, seja uma small cap ou uma large cap, é a mesma. Vamos continuar buscando assimetrias levando em conta ferramenta de Valor Econômico Adicionado, a capacidade de geração de caixa, pagamento de dividendos e o alinhamento com aspectos ESG”, afirma Werner Roger, diretor de investimentos da Trígono Capital.

O fundo estabelece a regra de manter uma liquidez diária de R$ 10 milhões. A aplicação mínima para o novo fundo é de R$ 50, com a possibilidade de resgate em D+5 dias corridos e liquidação financeira em D+2 dias úteis após a data de cotização. A taxa de administração é de 2%, e há uma taxa de performance de 20% sobre o rendimento que ultrapassar o desempenho do Ibovespa.

Atualmente, a alocação setorial do fundo é distribuída da seguinte forma: 32% no setor financeiro, 26% em empresas de concessão (como telecomunicações e elétricas), 13% em óleo e gás, 11% em papel e celulose, 8% no agronegócio e 10% em outros setores.

Nova estratégia

De acordo com Frederico Mesnik, CEO da Trígono, a decisão de lançar a nova estratégia foi para ter mais share of wallet de investidores que gostam da casa, e não se ater somente a ações small caps.

O objetivo é atrair diferentes perfis de investidores que demonstram resistência à classe de ativos e possuem uma necessidade maior de liquidez, incluindo fundos de pensão, grandes instituições bancárias e investidores internacionais de grande porte.

“Nascemos com o foco em small caps, pois sempre enxergamos uma grande assimetria de conhecimento no setor. Mas a proposta nunca foi ser uma casa nichada. E, em termos de capacity de estratégia para crescer, esse é um movimento importante”, diz Mesnik. “Queremos mostrar para o mercado que somos bons em investir em empresas, seguindo uma análise fundamentalista.”

Esta movimentação representa mais um avanço na trajetória da empresa em direção a se tornar uma gestora multiproduto. No ano anterior, a empresa lançou um fundo de crédito privado, sob a gestão de Marcelo Peixoto. Além disso, estão previstas para 2024 outras classes de ativos, incluindo um fundo de debêntures incentivadas, um de Latam bonds e um ETF.

O desafio reside em preservar a qualidade e o padrão de referência alcançados com a estratégia de small caps ao expandir para novas abordagens, enfrentando uma competição mais acirrada com gestoras de maior porte.

Neste ano até novembro, a Trígono conseguiu uma captação líquida de R$ 540 milhões, enquanto a indústria de fundos de renda variável registrou saques de mais de R$ 25 bilhões. Com isso, a gestora alcançou R$ 3,2 bilhões sob gestão.

O próximo ano se apresenta como potencialmente mais favorável para ativos de risco e fundos de renda variável, em meio à contínua redução nas taxas de juros, com uma projeção de taxa terminal de 9,25%, conforme indicado no último Boletim Focus. A Trígono está estrategicamente posicionada para aproveitar essa oportunidade.

“O pior já passou e aos poucos os investidores que estão totalmente fora de risco vão voltar. E teremos um portfólio ainda mais completo para conseguir capturar esse movimento. Nossa expectativa é crescer cerca de 40% no ano que vem e bater os R$ 4,5 bilhões sob gestão”, afirma Mesnik.