Falta de 'seriedade fiscal'

'Tubarões do mercado' se arrependem de ter votado em Lula

Roberto Campos Neto, presidente do BC, afirmou que as mudanças nas metas fiscais poderiam tornar mais difícil o trabalho da autoridade monetária.

Foto: Freepik
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Grandes investidores, ou melhor, os tubarões do mercado financeiro, têm manifestado seus receios em relação aos gastos públicos. A título de exemplo, o presidente e diretor da Verde Asset, Luis Stuhlberger, chegou a declarar que se culpava por ter acreditado que o PT — partido político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — “teria seriedade fiscal”.

Segundo ele, a “ficha caiu” quando, além de mudar as metas para os resultados das contas primárias dos próximos anos, o governo enviou o projeto orçamentário de 2025, que ele declarou ser uma “peça de ficção” ao prever uma elevação de despesas no limite do marco fiscal (2,5%), sob a hipótese de que as receitas vão crescer 3,5%.

Na perspectiva de Mario Sabino, colunista do “Metrópoles”, os ditos “tubarões do mercado financeiro” seguem expressando um descontentamento com o governo baseado “em nada”. “Ou pior, em retrospecto negativo”, acrescentou.

O que há por trás das preocupações dos Tubarões do mercado?

Não é a primeira vez que investidores com aplicações no mercado nacional têm demonstrado desconforto em relação à condução do governo em relação à política monetária e à saúde fiscal.

O governo federal declarou, no início de março, que observa um equilíbrio nas despesas. Contudo, o bloqueio de R$ 2,9 bilhões no Orçamento deste ano pode não convencer o BC (Banco Central) e os investidores de que a meta será cumprida.

Em meados de maio, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que as mudanças nas metas fiscais poderiam tornar mais difícil o trabalho da autoridade monetária. A fala ocorreu após o governo Lula (PT) anunciar que a meta para 2025 saiu do superávit de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) para o déficit zero.

“Dito isso, o mercado tinha uma expectativa muito pior do que a meta. Mas eu tenho dito que o ideal não é mudar a meta e sim garantir que haverá todo o esforço possível para atingi-la”, declarou Campos Neto, de acordo com a “Carta Capital”.