Acionistas do Twitter (TWTR34) devem manter papéis após compra por Musk, dizem analistas

Analistas explicam qual deve ser o rumo das ações do Twitter durante o período que antecede o fechamento de capital, após a compra da companhia pelo bilionário Elon Musk

O fato de Elon Musk ter comprado o Twitter (TWTR34) foi visto como algo positivo, até mesmo por Jack Dorsey, fundador da empresa. O mercado não reagiu de forma diferente. As ações e os BDRs fecharam o dia em alta (de 5,64% e 7,6%, respectivamente). A incógnita, entretanto, é em relação aos rumos que os papéis devem tomar enquanto a empresa seguir com capital aberto.

Segundo analistas consultados pelo BP Money, as ações do Twitter têm potencial limitado, mas, para quem já tinha os papéis em carteira, esperar até o fechamento de capital pode ser interessante. Isso porque o investidor que tinha as ações antes do dia 1 de abril (data do anúncio do interesse de Musk em comprar o Twitter) receberá um prêmio de 38% sobre o valor da ação.

“Para quem não tem a ação é importante ficar de fora. Não vejo motivo pra entrar na ação, por mais que pareça um ganho fácil de curto prazo. Para quem tem as ações do Twitter, é o oposto. Você já estava comprado na ação, ia ter um ganho significativo e agora vale a pena esperar a negociação ser finalizada e receber os US$ 54,20 por ação”, disse Guilherme Zanin, analista CNPI da Avenue.

Tanto os investidores de ações quanto os de BDRs, que possuem os ativos do Twitter, serão obrigados a vender suas ações ao valor de cerca de US$ 54,20. No BDR, esse valor é convertido e existe um imposto sobre capital de ganho (15% em operações comuns e 20% em day trade), que é retido assim que o acionista vende o papel. Dessa forma, ele tem um ganho um pouco menor do que quem possui as ações diretas. 

“Quem tem a ação BDR provavelmente não vai receber o mesmo valor, porque vai ter que pagar as taxas da empresa, os ganhos de capital que aquele BDR vai executar, então o lucro dele vai ser menor do que quem comprou as ações diretamente”, explicou Zanin. 

O analista destacou que o investidor que está pensando em comprar a ação do Twitter deve ter claro em mente que a ação tem um potencial de ganho limitado. “A queda pode ser muito maior do que o ganho, caso algum dos problemas jurídicos ou corporativos demorem ou atrasem a finalização do processo”, afirmou o Zanin.

As ações do Twitter operam em queda de 3,46%, cotadas a US$ 49,91, nesta terça. Segundo os analistas, o movimento é normal. 

“Tem um processo de funding, tem que passar por conselho, passar por diversos trâmites corporativos e legais para que o negócio finalize. Exatamente por causa dessa demora, as ações vão oscilar próximas a faixa dos US$ 53, caindo quando o mercado estiver com sentimento negativo e subindo mais de acordo com a positividade do mercado”, disse Zanin.

Para o analista Matheus Jaconeli, da Nova Futura Investimentos, a queda das ações nesta terça-feira é um movimento normal de mercado, tendo em vista a alta abrupta da última segunda-feira (25). Segundo ele, as ações devem passar por uma volatilidade até o fechamento de capital da empresa.

“É basicamente uma realização de lucro (a queda das ações hoje).Temos que aguardar um pouco o quanto vai impactar posteriormente. Os BDRs seguem, em grande medida, o desempenho da ação a qual está relacionado e também tem influência do dólar, por isso, o movimento atual é normal”, disse Jaconeli.

Fechamento de capital do Twitter: por que acontecerá? 

Geralmente, uma empresa resolve fechar capital por três motivos básicos. São eles: a desvalorização das ações, independência (não precisa de recursos do mercado), boa perspectiva (empresa tem potencial de crescimento). No caso do Twitter, é um misto de todos esses fatores. Entretanto, o mais importante é que Musk comprou uma fatia que o torna o dono da totalidade do negócio.

“O Musk poderia manter a empresa com o capital aberto, se ele não fizesse aquisição de toda ela, mas sim de boa parte. Digamos que ele quisesse comprar um percentual significativo a ponto de exercer o controle, mas não ser totalmente o dono da empresa e manter ela com o capital aberto… mas ele decidiu pela compra completa da empresa”, explicou Zanin. 

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As ações do Twitter se desvalorizaram nos últimos meses e estão negociando próximo aos mesmos preços do IPO realizado em 2014 na NYSE (Bolsa de Valores de Nova Iorque). Por outro lado, a empresa multiplicou em mais de 10 vezes a sua receita e mais de cinco vezes a quantidade de usuários. Ou seja, a companhia está crescendo de forma significativa. 

Isso leva o mercado a crer que Musk enxerga um potencial de crescimento na companhia e, por isso, comprou o Twitter, com a ideia de reorganizar a área executiva e implementar suas diretrizes e inovações na rede social.

“Ele (Musk) não quer deixar o capital aberto para não correr os riscos, assim como ele também vê um potencial na empresa para longo prazo. A partir do momento que você deixa a empresa fechada, você consegue manter o controle dela, você tem mais facilidades do que quando ela está aberta. Levantamos duas hipóteses para a compra: cunho pessoal – ele vê a plataforma como um dos principais meios de comunicação, então faz total sentido… e um cunho financeiro – ela estava negociando próximo aos mesmos preços do IPO em 2014, só que multiplicou diversos resultados, então a empresa estava crescendo de forma significativa, e o Musk viu isso como uma oportunidade, comprar uma empresa muito melhor estabilizada que 2014 e que para ele é extremamente relevante”, explicou Zanin.

O Twitter sempre foi bastante utilizado por Musk. É, inclusive, uma das suas principais formas de comunicação. Isso significa que, para o bilionário, esta é uma oportunidade pessoal e financeira. 

“O ponto negativo disso tudo é o próprio fechamento do capital do Twitter. Quando você tira uma empresa do mercado, existem vários padrões que uma empresa precisa seguir para estar no mercado financeiro que você perde… como a transparência em relação a governança, em relação às contas. Não necessariamente isso vai acontecer, perder a transparência, ou ficar escondido, mas eles não terão mais essa obrigação”, concluiu Matheus Jaconeli, da Nova Futura Investimentos.

Confira mais informações sobre o caso no vídeo abaixo: 

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