Mercado

Unigel se prepara para entrar com pedido de recuperação judicial

A petroquímica avalia recorrer a medida em função da paralisação das negociações com credores

A Unigel pode ser mais um gigante a entrar com pedido de recuperação judicial. De acordo com fontes ouvidas pelo Bloomberg, a petroquímica avalia recorrer a medida em função da paralisação das negociações com credores.

A fabricante de produtos químicos recebeu uma proteção judicial de 60 dias contra credores por um tribunal em 14 de dezembro, mas um processo de mediação não resultou em um acordo. A Unigel preferiu não comentar o caso.

Os detentores de títulos locais declararam o vencimento antecipado de algumas notas no ano passado, desencadeando uma aceleração da dívida da produtora de fertilizantes e levando a empresa a procurar proteção judicial.

A companhia — que também mantinha negociações separadas com detentores de títulos externos — foi colocada em inadimplência pela S&P Global Ratings em novembro, após não fazer o pagamento de juros de títulos de US$ 23,2 milhões.

A Unigel é propriedade da família bilionária Slezynger. As suas notas em dólares com vencimento em 2026 foram negociadas perto do valor nominal até maio, quando a empresa anunciou que os seus lucros do primeiro trimestre tinham despencado devido à queda dos preços dos fertilizantes a nível mundial e às elevadas taxas de juro internas.

Os títulos eram negociados por cerca de 33,5 centavos de dólar em novembro, segundo dados do Trace.

Petrobras (PETR4): TCU cobra explicação de contrato com Unigel

A Petrobras (PETR3;PETR4) terá que explicar a assinatura do contrato com a Unigel fechado no final do ano passado, para produção de fertilizantes nas duas fábricas da petroleira que estão arrendadas para a empresa, na Bahia e em Sergipe.

Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União) a negociação pode causar um prejuízo de R$ 487 milhões ao caixa da estatal, de acordo com estimativas dos técnicos da Corte, conforme revelou o jornal “O Globo”.

De acordo com a decisão, o contrato de produção de fertilizantes foi assinado apesar de, em 2023, as duas fábricas terem sido hibernadas pela Unigel, que passa por dificuldades financeiras. Os contratos de arrendamento foram fechados em 2019, durante o governo Bolsonaro.

“A Petrobras mantém o arrendamento de suas fábricas para o grupo Unigel, conforme definido nos contratos celebrados em novembro/2019, ao mesmo tempo em que contrata o arrendatário para operacionalizar a produção de fertilizantes por oito meses. A Petrobras, neste negócio, passa a fornecer o gás e receber fertilizante, tornando-se responsável por sua comercialização, assumindo o ônus de uma operação deficitária de quase meio bilhão de reais em um período de oito meses”, afirmou o ministro Benjamin Zymler na decisão.