Em 2023, o setor de siderurgia no Brasil sentiu os impactos do aumento significativo das exportações chinesas de aço. As consequências da exposição aos produtos vindos do País asiático foi refletida nos resultados trimestrais ao longo do ano, que vieram abaixo do esperado pelo mercado e piorados em comparação com o 2022.
Porém, no mercado de ações, duas empresas do setor performam bem neste ano. Os papéis da CSN (CSNA3) valorizaram 46,35% desde janeiro. No fechamento do Ibovespa desta terça-feira (19), a companhia avançou 0,91%, a R$ 18,70.
“Depois de uma longa tendência de queda, as ações da CSN engataram uma forte alta desde o final de outubro, se valorizando 80%”, destaca o especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias.
O especialista atribuí o desempenho ao alto nível de alavancagem da empresa. “No Investor Day realizado na semana passada, o CEO Benjamin Steinbruch mencionou que para fazer frente a alavancagem a CSN venda ou realize uma cisão de alguns de ativos, colocando na Bolsa as verticais de cimentos, siderurgia, logística e energia, mantendo a CSN como uma holding enxuta”, disse.
Dias ressalta que no resultado do terceiro trimestre de 2023, o destaque foi para a geração de caixa, contribuindo para fazer frente aos níveis atuais de alavancagem da companhia. “A queda nas taxas de juros futuras e o aumento das cotações do minério de ferro contribuíram para a alta expressiva das ações no último mês”, acrescentou.
Usiminas
A Usiminas (USIM5) também se destacou ao longo do ano. As ações da companhia fecharam o pregão do Ibovespa desta terça com alta de 0,11% a R$ 8,86. No ano, seus papéis valorizaram 29,75%.
“Analisando o setor siderúrgico, observamos que as ações da Usiminas passaram por um período de acumulação desde o final de outubro de 2022. Esse movimento foi marcado pelo encerramento de posições por investidores de menor poderio financeiro e pela aquisição intensiva de ações por grupos financeiros mais robustos, especialmente em reação ao declínio do setor após o boom das commodities em 2021 no Brasil”, avalia o CEO da Anova Research, Paulo Martins.
Martins informa que há um aumento no interesse de grandes instituições financeiras em ativos chineses e que esta tendência promissora aponta para um impacto positivo no ETF Xina11 no Brasil em breve, criando assim uma oportunidade atrativa para investidores individuais.
“Projetamos que, nos próximos 4 a 6 meses, a recuperação econômica da China terá um impacto positivo significativo nas operações e na demanda por produtos da Usiminas, considerando a posição central da China no mercado global de aço”, afirmou.
“Os investimentos da Usiminas em inovação e sustentabilidade, focados em reduzir emissões de gases de efeito estufa e melhorar a eficiência energética, fortalecem a imagem corporativa da empresa e alinham-se às demandas globais por práticas sustentáveis. Essas iniciativas também abrem novas oportunidades de mercado em um contexto de mudanças nas tendências globais e nas exigências regulatórias”, analisa Martins.
Para ele, a faixa de preço entre R$ 7,50 e R$ 6,75 é crucial para a continuidade do movimento ascendente das ações da Usiminas. “Mantemos uma visão otimista sobre o setor siderúrgico, embora estejamos atentos às mudanças na conjuntura econômica global e preparados para responder a qualquer cenário”.