
A paralisação por tempo indeterminado das atividades da Usina Santa Elisa, anunciada pela Raízen, acendeu um sinal de alerta no setor sucroenergético. O Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) manifestou preocupação com os possíveis reflexos da medida na cadeia industrial local.
Em comunicado, a entidade destacou o risco de um “efeito cascata”, citando a possibilidade de descumprimento de contratos de fornecimento, manutenção e suporte técnico já firmados com a unidade.
“Situações como essa exigem atenção redobrada, pois podem comprometer a previsibilidade dos negócios, a saúde financeira das empresas envolvidas e, principalmente, os empregos conectados a essa rede de serviços”, afirmou o Ceise.
A Raízen justificou a decisão como parte de sua estratégia de otimização do portfólio de ativos, visando maior eficiência agroindustrial.
A companhia informou ao mercado que, em decorrência da suspensão, firmou contratos com outras usinas da região para venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, operação avaliada em até R$1,045 bilhão.
Embora respeite a decisão empresarial, o Ceise Br reforçou o alerta quanto à preservação das estruturas existentes e dos postos de trabalho na região.
Segundo a Prefeitura de Sertãozinho (SP), cerca de 1,2 mil profissionais atuavam na planta. Já o sindicato da categoria estima que o impacto pode atingir até 2 mil trabalhadores e disse estar em diálogo com representantes da empresa para tratar de possíveis compensações.
“A suspensão de uma unidade com tamanha relevância histórica e operacional levanta questionamentos sobre a continuidade da capacidade instalada, a geração de inovação e o estímulo à sustentabilidade no setor”, destacou a entidade.
Por outro lado, o centro de bioenergia reconheceu que a realocação da cana-de-açúcar para outras usinas demonstra a força e flexibilidade do setor.
“O Ceise Br continuará acompanhando de perto os desdobramentos e atuando de maneira construtiva para promover um crescimento equilibrado e sustentável da cadeia produtiva”, concluiu.