"Vaca louca": como doença afeta JBS, Minerva e BRF

O Ministério da Agricultura confirmou o caso da doença "mal da vaca louca", na quarta-feira (22), no Pará

O Ministério da Agricultura confirmou o caso da doença “mal da vaca louca”, na quarta-feira (22), no Pará, e a notícia logo impactou as ações das principais empresas do setor de carnes e derivados: BRF (BRFS3), Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3).

Entre os frigoríficos, a Minerva foi a mais atingida no 1º pregão da B3 depois do Carnaval: seus papéis caíram 7,92%. Já a BRF caiu 6,71%, enquanto que os papéis da JBS recuaram 4,33%, após a notícia de que as exportações para a China seriam canceladas nesta quinta (23). 

“A tendência é de volatilidade nas ações do setor, visto que os mesmos casos ocorreram em 2021, em que a suspensão para exportação durou 3 meses e no ano de 2019 durou 2 semanas. A China corresponde a 50 % de toda exportação de carne brasileira”, afirmou Marcus Labarthe, especialista em investimentos e sócio-fundador da GT CAPITAL, ao BP Money.

De acordo com ele, a Minerva é a companhia mais prejudicada dentre os frigoríficos com o caso. 

“Em relação as empresas do setor, 20-25% da receita da Minerva, 8% da Marfrig e 5% da JBS. A empresa mais prejudicada, portanto, seria a Minerva, todavia a companhia afirmou hoje que foi notificada da suspensão das exportações e irá atender a demanda da China com suas unidades no Uruguai e Argentina”, explicou Labarthe.

Head de Renda Variável e sócio A7 Capital, André Fernandes acredita que, por ter sido um caso atípico, a doença pode não impactar negativamente por muito tempo. 

“A suspeita é que esse é um caso atípico da doença que assola o animal, casos atípicos são classificados quando a doença se origina dentro do animal, sem ingestão de algum alimento contaminado, portanto um caso mais leve. Mas mesmo assim atrapalha nossas exportações, pois em todos os casos de “vaca louca” é suspensa as exportações até que se conclua as investigações”, afirmou. 

Ainda de acordo com Fernandes, o mercado está refletindo mais nos preços em decorrência da gripe aviária, que já possui casos confirmados na Argentina e no Uruguai. 

“Isso se torna um risco grande para o Brasil, devido a proximidade das fronteiras. A região sul do país corresponde a 60% dos abates de aves de corte, e isso impacta negativamente as ações da BR Foods, que já caiu mais de 15% desde que começou as suspeitas”, salientou.

“Esses casos acabam impactando o setor como um todo, no caso a BR Foods por ser a única empresa da bolsa de grande porte que trabalha principalmente com aves, é fortemente impactada se a gripe aviária chegar ao nosso país, risco esse que o mercado já está colocando nos preços das ações da BR Foods”, completou o head. 

Minerva é a empresa mais impactada com doença da “Vaca Louca”

Segundo Fernandes, a Minerva deverá ser a empresa a ter o maior impacto negativo com relação a doença “mal da vaca louca”. 

“Marfrig e JBS tem um foco maior no mercado americano, com plantas dentro dos EUA, então são menos impactadas, já a Minerva é a maior exportadora da América do Latina, e tem a China (que já suspendeu as importações do Brasil) com principal cliente, e é a mais afetada”, analisou. 

Tentando não sofrer muito, a Minerva comunicou ao mercado que seguirá atendendo a demanda chinesa por meio de quatro plantas: três no Uruguai e uma na Argentina. Elas deverão compensar o volume de exportação que está paralizado no Brasil devido ao caso de “vaca louca”.

“Vale lembrar que hoje a Minerva está em um melhor momento que suas concorrentes Marfrig e JBS, isso porque o ciclo do boi nos EUA ainda se mantém em alta, pressionando as margens de Marfrig e JBS, já a Minerva acompanhou a queda da arroba do boi no Brasil, onde fica suas principais plantas, e com isso tem potencial para expandir suas margens, e deve apresentar um bom resultado”, destacou Fernandes.

Minerva Foods (BEEF3) tem prejuízo no 4T22

Na noite de quinta-feira (24), a Minerva divulgou seu balanço e reportou prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro do mesmo período de 2021. 

Ainda assim, a Minerva conseguiu terminar 2022 com ganhos de R$ 655,1 milhões, avanço de 9,4% sobre os R$ 598,9 milhões em 2021.

O Ebitda somou R$ 607,5 milhões no quarto trimestre, recuo de 17,4% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada apresentou baixa de 0,9 ponto percentual, para 8,9%.

O frigorífico totalizou uma receita líquida operacional de R$ 6,83 bilhões entre outubro a dezembro de 2022, ficando abaixo em 8,9% do resultado obtido um ano antes.

No acumulado de 2022, o Ebitda reportado foi de R$ 2,83 bilhões, com margem de 9,2%. A receita líquida totalizou R$ 30,9 bilhões, crescimento anual de 14,9%.  

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