Considerado o melhor banco digital do Brasil, pelos especialistas da Magnetis, o Nubank deve estrear na Bolsa de Valores dos Estados Unidos no início de dezembro deste ano, a fintech brasileira integrará ao índice Nasdaq e pretende ter um valor de mercado entre US$ 46 bilhões (R$ 258 bilhões) e US$ 51,2 bilhões (R$ 274 bilhões). As ações devem ser cotadas em até US$ 11.
No Brasil, a companhia planeja lançar seus Brazilians Depositary Receipts nível 3 (BDRs III), sendo que cada uma equivale a ? de uma ação ordinária. Recentemente o banco anunciou a distribuição de até 22 milhões de BDRs para clientes pré-selecionados.
O Nubank possui mais de 48 milhões de clientes só no Brasil, a fintech também possui usuários na Colômbia e México, além de possuir escritórios na Argentina, Estados Unidos e Alemanha. Porém, como em praticamente todo IPO, muitos investidores têm receio de investir nas ações da empresa, por conta da companhia não possuir histórico dentro da Bolsa.
As desconfianças sobre o Nubank
Por conta do alto valor de mercado, de até R$ 274 bilhões, o investimento causa muitas desconfianças no mercado, bancos consolidados e com histórico dentro da Bolsa, como o Itaú, por exemplo, possui valor de mercado de R$ 217 bilhões sendo a empresa mais valiosa do setor na B3. Com isso, as ações do Nubank possuem um certo risco de caírem após sua estreia, por causa dos preços dos papéis inflacionados.
Outro fator bastante questionado por muitos investidores foi que a empresa só registrou seu primeiro “lucro” no primeiro trimestre deste ano, quando somou R$ 76 milhões. Recentemente no terceiro trimestre de 2021, por exemplo, o banco digital voltou a ter prejuízos e registrou perdas de R$ 561,7 milhões.
Contudo, por se tratar de uma startup, é comum que o Nubank tenha prejuízos em seus balanços trimestrais. Justamente por isso que a fintech optou por entrar no mercado dos EUA, os investidores norte-americanos estão mais acostumados a investir em empresas que tenham prejuízos, pois possuem a cultura do “longo prazo” mais consolidada.
O exemplo: Banco Inter
Para trazer o exemplo de outro banco digital brasileiro na Bolsa de Valores, o Banco Inter realizou sua estreia na B3 em abril de 2018, com valor de mercado de R$ 1,9 bilhão, as da companhia foram precificadas a R$ 18,50. Só no seu primeiro dia, o Inter levantou R$ 721 milhões e viu seus papéis subirem para R$ 21,50 nos cinco primeiros dias. Desde 2018, o valor de mercado do banco saltou mais de 2.600% e atualmente soma mais de R$ 53 bilhões.
No pregão da última sexta-feira (5) as ações unitárias do Inter (BIDI11) estavam cotadas a R$ 46,17 e chegaram a valer R$ 82,22, durante sua máxima histórica em junho deste ano. Caso uma pessoa investisse no IPO do banco em 2018 e depois tivesse vendido os papéis durante o recorde da fintech, o investidor teria um lucro superior a 344% em um intervalo três anos. A Petrobras, por exemplo, nos últimos cinco anos valorizou 84,51%.
Mas afinal, vale a pena investir no IPO do Nubank?
O analista do BP Money, Nathan Meirelles destaca que, no Brasil, quem geralmente busca realizar os IPO’s das empresas são os banqueiros, não os donos da própria empresa, o que tende a inflar os preços das ações para que os bancos possam ganhar comissões maiores, mas lembra que no caso do Nubank o IPO será feito na Bolsa norte-americana.
“Geralmente aqui no Brasil, quem procura a empresa para realizar o IPO é o banqueiro e não o dono da empresa, porque normalmente a idéia é de inflar o preço para bem mais caro e ganhar as comissões. Aqui os IPOs saem com os preços em reais, então pegar IPO no Brasil não vale a pena. Porém, como o Nubank vai estrear no exterior, a história é diferente, quem, geralmente, procura pelo banqueiro para realizar o IPO é o próprio dono da empresa”, avalia Meirelles.
De acordo com relatório da Capitalizo, não há dúvidas que o Nubank deve seguir com o crescimento apresentado nos últimos anos, não somente no número de clientes, mas também nas receitas com juros. Os analistas também ressaltaram o programa de internacionalização da fintech e destacaram o próprio IPO da companhia sendo listada na NYSE.
“As expectativas são as melhores, em nossa visão, para que o Nubank mantenha um ritmo ainda bastante forte de crescimento para os próximos anos, especialmente com o projeto apresentado pelo banco para sua internacionalização. Recomendamos a participação no IPO do Nubank, até o preço máximo da faixa indicativa (US$ 11,00 para cada ação ordinária classe A e o equivalente para cada BDR, estimado em cerca de R$10,29)”, disse o relatório.
Neste ano, já houve empresas de tecnologias que caíram de 40%, 50% e até 60%, contudo, a maior parte dessas ofertas ocorreu com empresas denominadas de “fake techs”, companhias de tecnologia que entregam pouco crescimento e resultados e que terão muita dificuldade para sobreviver em um cenário de juros e inflação elevados, o que não necessariamente pode acontecer com o Nubank.
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