O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula a indicação do ex-ministro Guido Mantega como membro do Conselho de Administração da Vale (VALE3), em um acordo articulado entre o Executivo e os principais acionistas da mineradora, segundo fonte a par das discussões ouvida pela jornal “O Globo”.
De acordo com a publicação, nesse cenário, o governo apoiaria a manutenção do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, no comando da mineradora por mais um mandato de três anos. O mandato dele termina somente em maio, mas, até o fim deste mês, o Conselho de Administração da Vale precisa decidir se ele permanece no cargo ou se um substituto será escolhido.
A negociação em curso entre governo e acionistas incluiria também a indicação de Luís Henrique Guimarães, ex-presidente do grupo Cosan, gigante do açúcar e do etanol, com negócios também na distribuição de combustíveis e na logística ferroviária, para a diretoria da companhia. Guimarães é membro do Conselho da Vale desde abril de 2023.
Mantega vinha sendo citado como opção para CEO
Mantega tem sido citado, nos bastidores, como um nome do governo Lula para a Vale desde o início do novo mandato do presidente no Planalto, um ano atrás. O plano inicial seria indicar o ex-ministro como CEO, no lugar de Bartolomeo.
No entanto, as regras de governança da companhia parecem um obstáculo intransponível para Mantega ocupar o cargo de CEO. Caso o Conselho da Vale decida por trocar Bartolomeo, teria que contratar uma consultoria internacional de recrutamento para formar uma lista tríplice, mas especialistas e executivos familiarizados com esses processos consideram difícil o nome de Mantega, que nunca presidiu empresa do porte da Vale, fosse aprovado nesse tipo de seleção.
Para o cargo de membro do Conselho é diferente. As regras são menos rígidas – quando João Fukunaga, presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BB), foi indicado como conselheiro, no ano passado, seu currículo foi contestado, mas, mesmo assim, seu nome foi aprovado na assembleia de acionistas de abril. Da mesma forma, Mantega teria condições de passar nos critérios para ser conselheiro, disseram duas pessoas ao GLOBO.
Além disso, a entrada do ex-ministro não passaria por uma assembleia de acionistas. As fontes consultadas pelo Globo destacaram que, como todo o Conselho da Vale foi eleito ou reeleito na assembleia de abril de 2023, nenhum conselheiro está em fim de mandato. Só haverá substituição se alguém renunciar.
No caso de renúncia, o substituto, que apenas terminaria o mandato – até abril de 2025 – seria escolhido em votação pelo próprio Conselho. Dessa forma, eventual aprovação de Mantega seria mais fácil do que numa votação aberta a acionistas do mundo todo. Seu nome seria submetido a uma assembleia apenas se ele fosse indicado para recondução, em 2025.